MANICÔMIO DA POETISA
Autor: Jamila Mafra on Saturday, 5 January 2013
Uma vez alguém me disse
Que parece que eu morri
E esqueci de me enterrar.
Eu sou a poeta viva-morta
Uma vez alguém me disse
Que parece que eu morri
E esqueci de me enterrar.
Eu sou a poeta viva-morta
É!Me consolar ninguém se atreve,
Minha tristeza está maior do que a fila do INSS!
Eu choro o dia inteiro,
Eu fico triste o dia inteiro,
Não é possível
Que você esteja assim tão bem
No meio de tanta dor.
Só eu que sinto o horror
Tem gente que não tem tempo
Pra fazer as coisas
E eu não tenho coisas
Pra fazer no tempo.
Eu tenho um coração que ama fácil,
De verdade e com intensidade,
Mas foram sempre amores fracassados
Que me disseram "Eu te amo "
Descobri que há um tempo atrás eu era apenas uma boneca....
Sei que você não me ama,
Nesse mundo ninguém mais me engana,
Sou apenas um brinquedo;
Me apego às novelas
E finjo estar nelas
Só pra me distrair,
E essa fantasia
Neste mundo de fetos não nascidos
E afetos interrompidos
Este poema foi encomendado
Não consumas meu amor
como se fosse
uma jarra de vinho
Não me sugues
porque sabes
que no fundo de mim
encontrarás amor
Não se deleite
no leite do meu seio
que nosso amor me deu
e que agora
se desfaz em linho
Não existe nada
além do fim do amor
Talvez uma abóbora
Talvez um pote de nanquim
No fim
há somente um sim
sobrou um só
pedaço do coração
o outro foi comido e devorado
beiços lambidos