Fantasia

AFAGO DE AFRODITE

nasce na córnea das sombras
o rufar de planícies sonolentas
sobre
a trilha
dos anjos
vigora nesse instante
uma pausa de fresco silêncio
um acalanto de pedras
soando soando singelas
como uma reverberação
de vozes
no alcance
de meus desassossegos
atingindo num ímpeto
o sopro das pétalas de setembro
(transeuntes ocasionais
dessa elegia)
que
-implacável véu
transborda-se em mim
como um inefável prelúdio
afago afável de afrodite

TATO TREINADO

a palavra é um risco
um rabisco do hibisco
arisco e óbvio
lancinante desvio
da rota dos sentidos
para o mistério
que advém do todo concluído
(como proposta)
para a concessão do sim / não
-sinal dos tempos
em um jorro de contestações
inegavelmente irrevogaveis
mesmo que o aceno do oceano
seja tempestuosa desolação
salmoura saturada e blasfêmia
azia e nó na garganta do labirinto
que ficou denegrido nas temporas
do tato treinado
corado no sal
do ardor dos desejos

O AEROSCÓPE

Finalmente terminei o meu Aeroscópe...!
Com asas de imaginação, feito com um limão,
Movido a limonada, verve e 'brainstorm'
Como combustão!
Com ele podemos fugir rapidamente dessa dura realidade...
Andando e dando um passeio pelas nuvens, Terra do Nunca, Utopia,

SOMBRAS E SOMBRAÇÕES

 

 

damascos e ornamentos

sobressaltam-se na mesa

de madeira polida

 

meros polímeros

de substância indelével

moldam 

e sustentam fantasias

em um monólogo

intimista

 

-mas

por que a pronúncia vacilante

desse oscilante instante

adiou

a convergência do dia

para esse casual (des)encontro?

 

se as horas e as distâncias

favorecem

-mais que as restrições-

a opção de ver

um singelo vestígio consumar

as luzes já acesas

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