o lugar das alucinações
Autor: António Tê Santos on Friday, 6 January 2017as quimeras que subsistem dentro de palácios de cartão, o ritual que me insulta junto dos adeptos fervorosos, o algoz que me martiriza nas dobradiças da morte.
as quimeras que subsistem dentro de palácios de cartão, o ritual que me insulta junto dos adeptos fervorosos, o algoz que me martiriza nas dobradiças da morte.
O JOELHO ZERO ZERO
No silêncio da madrugada só, somente só!
O relógio parece maluco, caduco, corre, corre,
sem nada ganhar por isso, a não ser pilhas,
que sem elas, bateria ele não marcaria nada.
No silêncio da madrugada...
É bom falar com Deus.
A linha está desocupada.
Pega o aparelho, o joelho zero zero e liga...
Vossa Santidade! Sou eu, aquela,
que clamou por ti o dia inteiro.
Sei que o SENHOR sabe.
Olha, Majestade Divina; não aborreça comigo!
Eu só tenho a ti, em quem posso confiar.
uma outra dimensão me faz espernear numa creche gigantesca: a minha aprendizagem é reprimida pelo cinismo que vai de encontro aos meus desabafos infantis.
Sinto tão perto o que à distância vive,
Escrevo cartas dedicadas à saudade.
Enquanto o tempo escreve o seu livro.
Onde a dor é o capítulo que antecede a felicidade.
a frivolidade do homem quando lhe sobrevém o cansaço; os seus préstimos junto dos vizinhos retirando ao lazer o seu primitivismo; as garraiadas que estimulam os seus amplos desejos e as suas falcatruas desmedidas.
realço os heróis que içam a pronúncia lusitana nos céus áridos ou nos mares revoltosos com uma incumbência que também aplaina o chão pedregoso numa mescla que apascento.
projeto-me sobre os louvores e arrefeço-os em relatos onde baralho os esquemas fatigados da truculência (sou uma fraga que espilra ao escutar rumores afetuosos).
a arteirice sopesa a sua jurisdição sobre a miséria circundante num taciturno sobrevoo das elucubrações deterioradas pelas tempestades íntimas.
haja uma rebelião que agite os insignes mordomos do presente; que substitua a saliva divina pelo espetro dum timoneiro que esfrangalhe a sua retórica abissal.
a rotundidade do silêncio no cerne da gente desprezada, os conflitos trucidando a alvorada para recolherem aqueles que agonizam na algidez da estrutura, a faceta ébria da lhaneza ao sobrevoar a tirania.