Meditação

O herói

Ninguém o para, nada lhe dói.

Se desistir nunca será livre.

Não sobrevive por ser o herói,

É o herói porque sobrevive.

 

Não existem barreiras,

O sonho comanda a vida.

Um mundo sem fronteiras,

Onde o que cai das laranjeiras,

É o fruto da perspetiva.

Agora

Ao olhar da multidão,

Prefiro o olhar do meu cão.

Com certeza que também sou Pessoa,

Mas prefiro ser Leminski.

Uns dias Bocage, outros Aleixo.

Passeando nos jardins de Sintra com Lord Byron,

Ou apanhando conchas na praia com Neruda.

Patriótico como Camões, crítico como Saramago.

Sou eu mesmo, tudo isto, e muito mais.

Todos os anos, todos os meses, todas as semanas, todos os dias.

Todas as horas, todos os minutos, todos os segundos.

Ontem, Hoje e amanhã.

Agora.

Ainda assim por vezes não sou nada.

CICLOS - OS PROFANOS DO TEMPO

Poema que encerra o epílogo do livro de ficção “OS PROFANOS DO TEMPO”

Rompi com o sonho impercetível e murmurado,
colocando apressadas palavras no relógio da vida.
Trepo ao céu, agarrado às letras e ao vento,
flutuando no espaço ao sabor da corrente.
Esperança ardente, sonho fugaz determinado,
ávido dos silêncios que a noite provida.
Em louca espiral da pressa! Isole-me no advento
que projeta todos os meus erros na minha mente….

O poeta

Eu era um poema tão bonito,

Com o seu inicío, o seu fim.

Tanta poesia que ao ser lido,

O leitor se via em mim.

 

Viver é alegria,

A poesia é tão triste.

Onde a vida é harmonia,

O poeta não existe.

 

Depois de escrever,

Ele já partiu.

Vive sem saber,

Que nunca existiu.

 

A vida é memória,

Sem uma não está completa.

A poesia não tem história,

Só a história do poeta.

 

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