Soneto

A dura infância

Eu passei a minha infância brincando
De pega-pega, travessura e carta;
Viravam as cartinhas e eu sobrando,
Choramingando a tristeza que tarda.

Fui gradualmente perdendo meu bando,
Sentia como perdesse a marca,
Via como cicatrizes que sangrando
Davam-me uma virilidade farta.

Saudades desse tempo engraçado,
Vivendo na lembrança genuína,
Morando num nostálgico afago

Epokhé

"There, far remote, I shall lie unknown"
MACPHERSON, James "The Poems Of Ossian, The Son Of Fingal", 1762

Cris, Abyssus abyssum invocat.
Soleva ao hiperurânio. Maranata (*) -
- desitiva ou seráfica - refracta
Num balsedo. Em diaptose, o entretom mate -

- loesse flamispirante dum xamate.
Mas libra-se, epacmástico. Em sonata (1),
Pleroma d'asseidade que, mediata,
Grateia por um secesso (2) que dilate

Unifiquemos

Nesta minha fusão de sinalefas
Unifico dentre a morte à sílaba,
Polimerizo o que se vai nas levas,
De quem se foi e quem se unifica.

Mato o hiato da tinta e das penas,
No versar da poesia morrem lidas,
E lerão os versos voados nas tréguas
D’um soneto de frases sem as mínguas.

No fim, tudo é preso a conexão,
Retificado, grudado nas formas,
Mas para a vida, formas morrerão.

Confiteor

" (...) as coisas que vemos têm uma natureza, não a que nós queremos, mas a que calhou a cada uma (...)"
GÓRGIAS, "Elogio de Helena", 414 a. C.
 
Numa oura d'hamartia, palente, elude
A phronesis em écbase ou no sima
Do entimema luctíssono, a umbria opima.
Vasta o canto do cisne. Amaritude.
 
Intensando a dubiez, embruma... Amiúde
Hipostasia-se o prosopon e ultima,
Sestra, a diafaneidade. Lada acima,

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