Soneto

ENTARDECER

            ENTARDECER

 

    COMO É BELO ESTE CALMO ENTARDECER!

    INUNDA  A ALMA DE PAZ, DE BRANDURA!

    DESPERTA-ME EMOÇOES D' ENTERNECER,

    PÕE NA ALMA, DESEJO DE CANDURA.

 

    AO LONGE, NO HORIZONTE AFOGUEADO,

    VEJO SAFIRAS, RUBIS A LUZIR!

    A PÉROLA D' AMBAR EM TOM DOURADO,

    SUBTILMENTE SE ESCONDE, QUER FUGIR.

 

    A BRISA INDELÉVEL M' ACARICIA,

    E ME ENVOLVE D' AMOR DE FANTASIA!

    É SONHO, REALIDADE... ENTRELAÇADOS!

 

GAIVOTA

           GAIVOTA

 

   UMA GAIVOTA PRENDEU MEU OLHAR,

   COM O SEU VOO, PAIRANDO NO AR.

   FLUTUA AO VENTO, SEM MEDO DO MAR.

   ONDEIA SERENA, EM SEU BALANÇAR.

 

   FOSSE EU GAIVOTA, SOUBESSE VOAR!

   BAILAR SOBRE ONDAS, REVOLTAS DO MAR,

   NA ESPUMA BRANCA DAS ONDAS, LAVAR

   AS FERIDAS. E MÁGOAS AFOGAR.

 

   MAS NAO TENHO ASAS! NÃO SEI VOAR!...

   CINJO-ME À VIDA QUE DEUS ME QUIS DAR.

   QUE SORTE TIVE! TRÊS FILHAS P'RA AMAR!...

   

   NÃO PAIRO SOBRE ONDAS DE MAR ABERTO.

Ser humano

Bem que se quis sonhar

Ter liberdade,para amar.

Caminhar em  nuvens.

 

Não precisar se indispor 

Nem calar a voz que o proibe.

Gritar, o seu grito de amor!

 

Mas quis tu nascer assim?

Nem pediu, nem desejou?

sei que não gostou! Mas viver..é em mim...

 Felicidade! E pra ti,que seria viver?

 

Não importa se és, o que não quer ser!

Nem se te escondes, para ninguém ver!

Importante pra mim é, que és um ser.

Humano, como deve ser.

 

arlete klens

Invernias

Invernias

O sol não se apresenta há alguns dias,
Tornando mais tristes os quadros cinzas;
Na tela, o frio e a chuva são as pinças
Que naufragam as frágeis euforias.

Os terrenos sucumbem à pujança
Das águas que já não podem reter;
As verdes ervas, seguem a crescer,
Contra ciclo que brilha de esperança.

Às débeis aves faltam as sementes,
Aos mamíferos faltam os abrigos,
Aos homens sobram horas pacientes...

Pedira a Jeová e deu-me Üa Arte

Pedira a Jeová e deu-me üa Arte,
Do qual muitos vêm desacreditar;
Se a mim pertence grandíloco poetar,
Sabe matriz que ergueu meu norte.

Como sabem meus Céus e Marte
Que tudo tem dado com pouco faltar
Ó tu, que ainda dúvidas até no altar
De mim serás crente logo que parte...

Vede nos olhos meus a arte minha;
Que os Céus cravaram no coração,
Meu; e vamos regando dia-à-dia !

Plagiando o verbo d'alma na dedição,
Fui conjugando arte que eu pedia;
Foram meus dias, mas poesia tinha

“Cheguei Tardio”

No rosto cultivo, marcas que a vida disse;

Leitos húmidos, d’amor em águas puras

- Mas porquê, em tal rosto, cor tão triste?

- É o tempo, ó dor, que muito curas…

 

Choro sim, ainda, as lágrimas que chorei

Lavrando mais fundo, a causa, ou razão

Dos cem anos que não nasci, tarde cheguei

Para te abraçar, dos lábios ao coração...

 

Pois que cheguei, tarde, para te ver

Mais tarde, na tarde que te fui conhecer

E em teus braços abertos, choro essa dor

 

Cheguei tardio, a beijos incertos

Lâminas por Pétalas

Encapeladas lâminas girando
A toda a minha volta. Fluxo flébil
Hiante de outrora, afã consumpto estéril
Duma ausência afinal presente, instando

Júbilo da verdade revelada,
Novamente impassível ao rolar
do Tempo. Conjugado o verbo amar,
Presente sempiterno, visitada

Inopinadamente, no acro em mim.
Abaluarta-me a essência tua atinente,
De pétalas de mil cores sem fim.

Lépido, trocas lâminas cortantes
Pela hossana de pétalas enfim
Até ao diedro feliz d'eternamente.

Pages