Soneto

Confiteor

" (...) as coisas que vemos têm uma natureza, não a que nós queremos, mas a que calhou a cada uma (...)"
GÓRGIAS, "Elogio de Helena", 414 a. C.
 
Numa oura d'hamartia, palente, elude
A phronesis em écbase ou no sima
Do entimema luctíssono, a umbria opima.
Vasta o canto do cisne. Amaritude.
 
Intensando a dubiez, embruma... Amiúde
Hipostasia-se o prosopon e ultima,
Sestra, a diafaneidade. Lada acima,

Voando nas palavras

Minhas trevas afogam-se na língua,
Angústia da sede que se confisca,
- Sendo lânguido na taça da míngua,
Tomo tormento pelo qual à risca.

Obstetra: sempre opero na má-língua,
Palavreado da noite se pisca,
Na lua brilha a doce pasilíngua,
Assim trovo a sede que se petisca.

Morcegos sobrevoam boa sorte,
Nas asas da escuridão bastam-se,
E a mim, rastejo nas lamas da morte.

Futuridade

"uma certa afecção particular, por meio dos discursos, a alma experimenta."
GÓRGIAS, "Elogio de Helena", 414 a. C.

Caligante ou em lai, o númeno ora a Luna (1),
Insciente se ao delubro se ao alcantil (2).
Fenestrando a sofrósina que, exil
De obsoletismo e de húbris, desaduna

A tenebrosidade. Asserida e una,
Qual fora uma hamadríade, que burile,
Paragone, em dianoia e em contracarril.
"Alea iacta est", desde a asir (3) ao que premuna

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