Fallha do Amor
Autor: José Augusto Mo... on Saturday, 16 October 2021
Não é falta de amor, nem é só ilusão,
Que faz falhar amores sem igual,
São sempre culpados por todo o mal,
Não é falta de amor, nem é só ilusão,
Que faz falhar amores sem igual,
São sempre culpados por todo o mal,
Não me respondes, quando eu te chamo
Ainda que aflita seja a minha voz
A morrer da dor que provocamos nós
Deixas-me aqui, só e abandonado
Não foi esta a imagem com que sonhamos!
Vagas de tristeza e ondas de solidão
Afogam-me no mar desta condição
Em que só eu vivo e que nós criamos
Porque me queres aqui triste e desabrigado!
Para sempre náufrago perpétuo e condenado
Em dor consumido e neste atropelo
Sem a tua imagem, com que tenho sonhado
Mais valera que me tivesses afogado
Ó alma solitária, outrora envaidecida,
com amor tão grande a que foste torta,
Olhas a tua vida triste e desflorida,
Sentes o desespero a bater-te à porta?
Dizer só que amamos, só para nosso bem
Ignorando os outros e seus sentimentos
Afogar os gritos e os pensamentos
Enterrar na lama, para o bem de alguém
Sonhos de amor
Já não restam sonhos de amor,
Apagaram-se com as luzes da alegria
Não acalentar este menino - o futuro
Ouro e prata em terra de cego não é oferta
Armadura de ferro, que o caminho é duro
O futuro dorme e a fúria de Deus não desperta
Não planejar desordenada vitória
Mas não ignorar a luta, a rota
Não fugir do passado da historia
Não desistir à primeira derrota
Não desejar antes sem estratégia vencer
Pois a luta não beneficia os desarmados
O bem é sempre o maior guardião e aliado.
Corda do celo rasga a nota,
do último trágico som,
mortal à alma já quase morta.
Mitigado no penumbre bom.
Fúnebre adágio nos ouvidos
é o turíbulo que pendula lembrança.
Nostalgia de dias anímicos,
marcados com pureza de criança.
Luctíssono é sensível ao toque.
Do garoto colérico ao austero sujeito,
escuro mundo de sentimento fechado.
Espelho manchado de desfoque,
é o reflexo penoso do homem afeito.
Sinfonia lamentosa do ser apartado.
"Longa e fatigante é a senda ante ti, ó discípulo."
BLAVATSKY, Helena "A Voz do Silêncio", 1998, edição 494, tradução de Fernando Pessoa, Assírio & Alvim
No hiemal liame a Nix e Érebo, injucundo,
Estertora num búzio um mesto alburno
Num tal dédalo impérvio e taciturno,
Que plange Undina (1) em terra, contrafundo.
Mas "Deixa a dor nas aras"(2), sitibundo,
Pélago de Chopin num seu nocturno,
Prorrompe-lhe uma Lilith, lio diuturno,
Transubstancia as Euménides segundo
Um advento e seu nítido fim manifesto
O tempo escalpelou o rei menino, tão apaixonado!
Menino do seu mundo foi principal, hoje modesto
Foi criador, criatura de um mundo por Deus ofertado
Saudades não da calmaria, nem do inverno no divã
Algum cientista invente a tão sonhada máquina do tempo
Anos 80, descer a ladeira de rolimã da madeira cachimã
Faltou um jogo com a outra rua, com raça, nosso passatempo