Soneto

Pequeno mundo

Na elaboração consequente de amar
Se o fino trato não se faz comovente
Dor que não se aceita realmente
indigna morada pode atormentar

Toda insensatez vem deste pequeno mundo
E todo descuido ao jardim de flores robusto
Ao leal grande amor, construirei um busto
Foi a união de Adão e Eva infecundo?

Na vida sem amor à Deus, absorto caminhar !
Rio que com suas aguas inunda
As puras mentes humanas à naufragar

Não se cale no peito a voz o sonhar
Amor que não se espera abraçar
Insensatez do mundo cruel à pecar.

Felicidade

O que é dito não pode ser escrito
Porque ainda não alcança o coração .
No que insisto e ainda acredito
Um mundo desprovido de escuridão .

Receita caseira de todo bom ancestral
Reza na cartilha vermelha da capa preta, aprender
que durante a vida inteira, faz crescer todo mortal
Deveríamos a vida das pessoas, as surpreender

Tratar com humildade e amor seja quem for
Deus sabe nosso limite de santidade
Basta se desviar de demônios da maldade

Desancorada

Finda a "Aproximação a Almotásin"(1), ido
Schwob (2), em reboo entrechado, até ao uno plúrimo
Silente, resilido o insueto ermo ânimo,
O "Tabor" (3) é pretérito escandido.

Se nem Gilgamesh (4) ou Átila em sonido
Ou o libente Enkidu(4), em Graça cadimo,
Guarem; langue a estese, ade à tundra e ao limo,
Exsica a phýsis, nada solfa ou é ungido.

E à plaga nucleal não ressuma um pidgin
Antes se plica ao entalhe e à orbe comum.
A Levin (5) o que reme bui em carmim.

soneto

Deixa em meu leito teu corpo cansado
Das horas aprazíveis que vivemos
Na ilha de lençóis, que desfizemos
Por amor, com raiz de aço forjado.

És lua, és luar, se às escondidas
Despes o manto que te cobre o corpo,
És o sol, se descobres o teu rosto,
És mulher e possuis toque de Midas.

Se me tocas, por certo não sou oiro.
Posso ser tudo aquilo que quiseres,
Escolhi-te entre todas as mulheres,

Aos meus olhos és mais do que tesoiro.
Tocas-me e como abelha beija a flor,
Transformas desafecto em puro amor.

Ave Nocturna

Toe alar a evagação, explua a henose (1) ao ascenso...
Subleve-se na peia diurna que dista
Do eixo do eudemonismo, a ave niilista
Entrebate-se em ilinx, Manfredo (2) intenso.

É ulana, é Trafalgar (3), p'lo sol apenso,
Que esplende em anagogia numa ametista.
Antepõe a angélia em verve petrarquista
Ao que de dial lha obnumbra. Carpe incenso.

Transverbera, na absconsa hora, histerese,
Desnua-se de sofismas, assim ase em
Levez, revoe ecuménica, ondeie, ensede

Criança

Sinto saudades desse passado imutável
Qualquer lembrança como adereço
O presente que falta hoje e careço
Oferta do que na atualidade não é admissível

Como as linhas da mão que não desaparecem e delegam
Lindas brincadeiras, felicidade que não renego
Imagens antigas que aquece amores, que me apego
Alimentaram sonhos eternamente calientes que se deram

Eu ainda sinto a nitidez de ser jovem
Apesar do corpo entristecido
Tomara que felicidade e o amor se renovem

Saudade

Tua falta não há apaziguador complemento
Entristece me pela raiz com profundo tormento
Olhos sem candura são espelhos a lagrimejar
Saudade é ponte defeituosa para amar

Abraços desfeitos ,teus lábios de todo mel
Não tenho asas, ou anjo a merecer o céu
Saudade assustadora é fogo fátuo a queimar
Torna descontente , garganta seca e sem ar

Saudade prima da superstição a confundir
O que é real e o que nunca na vida vai existir?
Essa falta e a distância, temo sucumbir

natal

Natal do homem só e desditoso,
Natal dos tristes e dos covizados
Natal do vizinho suspeitoso
De ceias virtuais sem convidados
.
Natal de pérfidos vírus descartados
Nas ruas, em máscaras dolosas
Por mãos de vermes descerebrados
De mãos acéfalas e desafetuosas
.
Natal, Natal dos gritos abafados,
Tristeza e sorrisos castrados
De pinheiros ornados a solidão
.
Mas vai ser também natal de esperança,
Dobrem sinos pelos tempos de bonança,
Resiliência, muita fé no coração

Da Fisicalidade

Resseca uma clepsidra que se hastilha,
Sequaz da Galatea (1) marmorizada,
Hebeta-se em atimia, evola-se e nada
Lhe lidima uma Becky (2) por cartilha.

Entretanto o capcioso fluir dedilha...
Em distopia, o condir, em adversão afiada
À flama de um efésio (3), onde arde a mónada.
Em aporia, o devir lanha qual cilha.

Verberada, a centelha auroresce ainda
Numa "navalha de Ockham" que não ensarta
O adiáforo. É somente um áster que blinda

Pages