Soneto

Apreço

Tenho apreço por qualquer afeto
As vezes esqueço do amor
Por se fazer tão discreto
É famigerada, e forte a dor

Vou dormir, e sei que necessito
Mas parece que a simples necessidade,
Do sono importante, não o pressinto
Rouba me o amor a liberdade

Sou marinheiro e muitíssimo sonhador
Nunca naveguei no mar de infinito amor
Há mais seres humano em desamor?

Há sonho sem sono ou sorriso fechado?
Mas há quem extingue esta morte!
Na vida, apostas na roda da sorte

Em Chamas

Na noosfera de Caíssa em "Scacchia Ludus",
Adeja um equilibrista na neblina.
Mistral, abscinde ameias em agoge hialina
Ensambla Galahad, sulco denudo.

Proceloso, abalroa fátuos entrudos.
E, róscida, colima-o a guilhotina...
Ipso facto do alvor que ele insemina
Num "Mabinogion" fósmeo, vão. Contudo

Ao estrondear como Thor urgisse atrás
Aos que intentam ilaqueá-lo em crase soez,
Coruscado, extar-se-á, se rarefaz,

Dormir

Vou dormir,sem desejo ainda
Tempestades na minha mente
Padecem meu juízo demente
A dor é, angustiante infinda

Pelo insano e grande cansaço
Vida tirana se faz de estimação
Interrompe a pouca animação
E sem guarida, a vida nega o abraço

O calor humano inexistente
Preciso dormir e pretendo
Deixar a dor fria, impotente

Incertezas nesta trajetória
Apenas sei, quem atira pedras
Tem uma estrada sem vitória

Intocável

Apodo "ferocactus" se sem hipanto,
Num cárcere de gelo, qual jazigo.
Esgrime o seu vil naipe, até consigo,
E anela por Porphyria* e doravante

Mimetiza em cristal Plutão porquanto
Obdurado, senão ao toque - erodido.
Na fria horripilação do desabrigo,
Aninha-se em si só, recalcitrante.

E todavia... plasmado em Shelley, um véu
Embai, como em Shalott**, as cordas mesmas
Daquela harpa indelével, cosmo seu,                

Cada gosto

Conheço bem cada desgosto
o vinho barato também
deixou de ser o santo oposto
satisfaz o paladar e serve de amém

Aleluia! o enorme mar é salgado
a população marinha dá proteção
perdão primeiro ao anjo soldado
o doce desta caminhada exceção

E na terra o sal dá tempero a vida
Lágrimas são atrizes divinas
adornam a eterna lista de petição

O vinho barato torna a vida colorida
o caro vinho não alegra o coração indisposto
Deus meu, me de o sal do mar, não amarga solidão

Saudade

Presente saudade em mim
Tão louca não se esquece
Traz lembranças sem fim
A um coração que padece

Saudade é motim, emboscada
Coração que descontenta
Saudade no peito reside calada
Jaz paixão, desamor atormenta

Saudade doida, fala, estraçalha
Corte dolorido da navalha
Saudade pode até ser curtida

Saudade pode ser recebida
Doses de esquecimento e anomalia
Depende da cachaça envelhecida

Canto...

Os poemas de amor e os de dor,

São dos mais escritos pelos poetas.

Que os pintam a todos da mesma cor;

Uns com linhas curvas outros com retas.

 

Queria escrever quadras e canções.

Escrever qualquer coisa divertida.

Um poema que alegre corações...

Um poema que celebre a vida.

 

Misturando todo o tipo de linhas.

Retas e curvas tuas, com as minhas.

Usando tintas de todas as cores...

 

Que negro bastante já tenho em mim;

Porque me hei-de castigar mais assim,

Sobreviver

Amor: primeiro e ultimo insano ato
Tanto faz se é belo ou triste o retrato
Este sentimento não e abstrato
Apenas o desejo justifica o fato

Temor : e que decepa o juizo desanimar
Em particulas partes sempre amar amar!
Não é bom ter ilusão, ou doce eterno degustar
Exemplos de amor do passado,  irão funcionar?

Pai e Mãe: viveram o amor tão bem!
Parabéns! para quem o vive também!
Viver: é o amor nunca aprisionar !

Beatrice (Portinari)

​No antípoda de "À Espera de Godot"
Ou de Miss Havisham, ómega nupcial,
Infensa ao Garibaldi e noiva tal,
Qual mandala em erupção, não incorporou  
 
O platonismo etéreo em tom Pierrot.
No esto ctónico, frágua luminal,
Concatenada ao alor, fértil cardal,
Exceleu, irrefragável teopsia, estuou
 
Rumo aos adimplementos crus agnados
Dos disruptivos. Látega, renuía
O silêncio espectral, quedo, dos liados
 

Para Augusto dos Anjos

Qual dia a humana carne não  sente medo ?
é o pecado original, uma sordida vingança?
sofrendo o homem trevas, a luz não avança!
assiste tão calmo a morte às vezes cedo

Momentos de paz ,ou vida que finaliza!
homem observado no pátio como um bicho
um numeral fraco, costela sem capricho
Vive ainda,  mas de perto a morte sinaliza?

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