Tristeza

Quatro noites de um pessimista

O tormento é uma noite fria,
refrescante para a reflexão,
mas ardoroso como lava
que arde muito o coração.
É um bosque sem árvores,
é um pasto sem as vacas,
um vazio de grandes ideais
de melancolia boêmia.
A lua é a companhia,
a taça de vinho, o alicerce;
trechos de Plath ao vento
e a depressão nas linhas.

Isso tem que acabar.

Meus surtos diários

Surto por dentro todos os dias.
Sinto vontade de correr sem parar,
Mas as pernas atrofiaram.
Vejo a minha frente um bosque,
Sua relva é macia e o sol brilha,
Mas por algum motivo, lá chove.
Todo dia o céu perde uma nuvem.
A cada dia as gotas caem sozinhas,
Sem condicionantes para tal.
Estou inerte, molhado e apático,
Ninguém pode me ajudar
Todos têm o seu caminho, e
Eu tenho o meu.
A diferença é que meu caminho

Anjo Caído

Sou um vulto impercebível, e
Pairo nas sombras de outrem.
Sinto-me preso e escondido.
Um demônio bifurcado por existir.
Observo a humanidade e as peripécias.
Meus órgãos são pisoteados por eles,
Justo eles, os vermes de Nietzsche.
Tanta tristeza nas minhas asas,
Tais asas ruflam para baixo.
De Lúcifer a mim, temos a abrupta decadência.
Sou o arcanjo do esgoto, o núcleo
Do obscuro é o meu júbilo afagante.

Deserto

No peito está só o pó,
Apenas areando a dor a Jó.
O grão pálido ao mesmo tempo
Quente.
Estou por dentro cremando
A minha mente
Se ao pó retornará o homem,
Ignoro: retornei há tempos e
sozinho.
Desolado no meu deserto
O vento já não há e a chuva
Secou-se para sempre

Nostalgia morta

A nostalgia é uma mentira
Adornamos de boas lembranças
Só que no interior há o caos
Memórias são em tom de arco-íris
Pinceladas pela falta da lívida cor
Recordamos de um filme sem o final
O roteiro é quebrado e o diretor sumiu
Uma límpida tristeza é lembrar
Detesto o que já foi e o que virá
Sinto-me preso em um torreão
Escuro, gélido e sem soldados
E o ataque ao fronte é a nostalgia
Minha infância abaixo dos laranjais

vento do leste

Lágrimas de chumbo, em caras inocentes.
A orquestra de fundo é uma bomba viva,
Corre sangue quente em todas as frentes
E não se vislumbra uma pomba activa.
Impera a loucura em todas as mentes,
A orquestra de fundo é uma bomba viva.

Vento do Leste, transporta loucuras
E os braços de Deus, não abraçam ninguém.
Em discursos vãos, apenas vês juras
De apostar em armas e nada as detém,
Nem mesmo o choro das crianças puras.
E os braços de Deus, não abraçam ninguém.

A lua que se apaga

Entre a lua, o céu
Nadou no mar
E na terra afundou
Teu brilho alunar
O sol se queimou
Pôs a lua a deitar
Jazida sozinha...
Na madrugada
A tentar sonhar
Ao onírico pesadelo
Esta é a história dela
Por analogia é natural
A obsessão tão vil,
Uma história tão brutal
Da lua que ele enterra

 

Pages