Tristeza

Afogado em gritos sanguíneos

Em miríades de delírios criei o afastamento do meu eu.
No fervoroso ardor em ver o prazer de outrem que não respinga em mim.
Eu sou como um demônio que sobrevoa a vila dos prazeres dos arcanjos.
Eu grito por dentro; minha garganta rasga e transborda o sangue rubro.
Quase rubro, é da cor de uma rosa que sangra, como um flamingo perdido;
Diria Anne S., mas eu a memetizo, pois como disse, afastei de meus próprios ideais

Quadro disforme

Detestei amar àquela donzela
Coração pinta a aquarela
Gotejamento de tinta fulcral
Que respinga quadro surreal
Angústia disforma a beleza
Sangue lacrimal escorre pureza
Mausoléu de paixão lacrada
Enterrada a obra enleada
Vendido ao amor bulício
O trabalho puramente exício

Minha Pandemia

Minha Pandemia

 

É recheada de horas mortas sem lugar para as enterrar.

Fico à deriva de falar com alguém mesmo que seja numa tela.

Que nem dá para ver direito os olhos!

Visto que eles dançam como estivessem na chuva perco o assunto… entristeço… de saudade!

 Quero abraçar os meus filhos, os meus netos.

Quero a viver!

Sinto-me amordaçada, sem hipótese de revoltas.

Amor e não guerras, protestos que marcaram a minha adolescência.

Sem sol na quadra de vôlei. Nem filosofias no boteco.

Minha tristeza

O tempo que vinha
as duras penas e cantarolado
trouxe o amor em medidas pequenas
que brevemente acena.
horas e tempo, em viagem insana.
Se o tempo bom, ainda vier
vou preparar mais um lugar a mesa,
esquecer toda rapinação ao meu castelo
ao meu império de sobrevida e fortaleza
Esperança de viver tão grande amor?
Não, os tempos são dores anormais
e o amor é um antídoto, em frasco vazio
Agora não o encontro tão facilmente
Eu sonhava durante anos ,
Quando então me acordaram,

Fantasmas

Luzes
Um ultimato desordeiro
Onde caminha o amanhecer
Andam os olhos desalinhados
Antes de morrer

Perecer
Um tanto pelo pecado
Cristal mal desenhado
Afinal se tornou vidro quebrado
Vida ao amanhecer!
Como não há esboço
Nem obra prima a oferecer

Partiu por isso,
Um navio no oceano ao alvorecer
Me reconheci entre passageiros
Fantasmas
Mas não pude entre os passageiros
Do navio, meu amor fantasma reconhecer.

Oceano da solidão

Conto os dias de forma aguda
Na amplitude do meu eu avaliar
Tão mansinho, toda prosa mal resolvida
Urgente ouvir, solucionar.
Me perco na matemática
De muitos ou pequenos
Números não contar,
Sim, subtrair a introspecção imediata
Da vida melancolia, inexata à explicar.
Os beijos não aprofundados a sentir.
Conto os dias, tento o sorrir alargar!
De forma mais profunda e plena!
De labirintos submersos na vida a
Surgir,
Ainda há palavra salvadora: vença!
E como diz o escrito inspirado:

Rejeitado

Hoje pego na lapiseira
Para falar da minha miséria
Isto não é brincadeira
é também um facto de uma mulher zungueira
 
Só um ser rejeitado
Sinto-me ligeiramente abandonado
Como aquele que sofre com sentimento e silêncio calado
meus estudos não valem nada
Quando olham para mim dizem que sou um nada
Sou aquele que nada onde o mar não passa
 
Estou sempre a esquerda
Não consigo me endireitar
Só faço asneira
Não tenho nenhuma carreira
O meu destino é sempre estreito como Vera

Poética

Não tenho nem a pequenez
da poética perfeita,
por ser esquálido e carente
este sentimento ainda por anotar
nas paginas do meu
dicionário imperfeito.
Minha sagacidade diminuta,
quero ter esta poética pequena
dentro de pequenos bolsos
quero pela vida ter mais apreço...
vida,
membrana protetora da minha alma
me alimento da paisagem e do tempo passado
pássaros alegram esse triste momento.
Tem tanto anjo
E nem um conheço
Talvez é pela má fé,
que estou deperecendo,

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