Oceano de Certezas incertas

Como é incerta esta noite que em mim mora Um Oceano de certezas incertas inunda minha essência Eu bebo trago a trago estas nevoas tenebrosas inquisidoras Perturbantes na sua voraz subtilea na qual me quero deixar envolver Um pendulo dourado e gigante acorda minha lucidez nublada com sua cadencia Ao ritmo de quem querendo falar tanto se cala Esvaindo-se de esforço repartido em mil encruzilhadas De inumeras crenças desacreditadas Passo a passo lentamente vou avançando Convictamente segura de que cada passo que dou pode ser um retrocesso em risos ou em lágrimas pouco importa Assumo-me eu própr

recados avulsos

A MONDA CULTURAL

o trilho, expurgado de mensagens angustiosas, é hoje um passeio de cultura e ensinamento.

A PALAVRA AUSTERA

galga a cancela do medo afastando o nevoeiro que impede a razão.

A PALAVRA BISONHA

é uma palavra liberta dos beijos repenicados e dos tratos ciumentos.

A PALAVRA CINZENTA

a palavra descoberta por um mendigo ao agitar o seu regaço.

poemas vários

A LUTA CONTÍNUA

o rescaldo duma guerra que abre os portões da lassitude aos belicosos e faz emergir os garotos que a seguem.

A MÁCULA TRANSVERTIDA

possuo tudo aquilo que as transfusões excitaram nos momentos aviltantes da minha cobardia.

A MÚSICA RURAL

os artefactos que a pobreza transforma em cânticos recitados nos serões tradicionais.

A MOAGEM FRENÉTICA

avista-se um recreio dos últimos patamares da minha biografia.

 

Feliz entrega

Sim te disse
Um Sim de trovões e nuvens carregadas com quedas colossais em cataratas de fogo

Mil abrigos por pinhascos de rasgar a pele
Tantas flores por abrir em veredas de horror

É em estranheza que se vislumbram borboletas belas borboletas de asas famintas
E ainda envoltas em teias emaranhadas de gritos e desesperos inocentes em negros lenços brancos acenando

Perante olhares de mentirosas verdades cosinhadas em lime brando

Tantos silêncios gritos surdos de bravura covarde

PATRÍCIA

Daquela que meu riso exigia,
Que a luz da ternura refletia
Não vou me esquecer!
Por mais que o tempo tente levar
O esplendor que eu via em seu olhar,
Irei sempre o ter!

Em minha mocidade plangente
Onde na aurora da estrada ardente
Tão cedo morri,
Perdido entre as vagas da existência...
Servo do desgosto e da indolência,
Eu a conheci.

RECADOS AVULSOS

A GAIVOTA PERENE

os violinos são rejeitados pelos tumultuosos povos que se abastecem de sermões.

A GUERRILHA URBANA

o chão vomitado da praça onde os mancebos agitaram estandartes cintilantes.

A HARPA FLUIDA

haja uma revolução onde não entrem militares nem os portadores duma arrogância que perfure a cerca dos costumes.

A IGNOTA ÍNSULA

o contacto do esperma com o rosto desfigurado duma mulher em cima dum estrado onde arremete a tirania.

A LÓGICA FURIBUNDA

Perder-te sem conta

Passo por onde te vi,
Naquela ultima vez,
Desde aí não vivi,
Não acredito no que a vida te fez.
São demasiadas as recordações,
Que vivemos lado a lado,
E sei que em todas as encarnações,
Ninguém foi tão amado.
Choro a tua perda,
Sofro tanto com a tua ausência,
E embora não entenda,
Tento conter a tua essência.
Vou embora,
Em busca de algo mais,
Só espero que agora,
Te possa seguir para onde vais.

Incerteza

Passo por ti,
Naquela encruzilhada,
Não sabes que parti,
Ninguém te disse nada.

Continuas enganado,
Porque é que não cantas aquela canção
Onde por mim disseste estar apaixonado?
Pensas que não te dei razão.

Veio aquela noite gelada,
No meio do Verão,
Tua alma ficou danificada,
Não mais vi tua paixão.

Só pedia mais um momento,
Nesta vida errada,
Para te mostrar que não me contento,
Para te mostrar que consigo fazer a coisa acertada.

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