Eu estarei lá

Eu vou estar lá
 
Deixa-me ser feliz...assim como sou
tão perto ou longe daqui
ressuscita-me num lugar além-mar
sitiado no culminar dos nossos silêncios
entre esta sede e a calmaria
que nos sustenta
como promessa segura e nunca invejada
pois por muitos luares tristonhos que
o céu te ofereça,
eu estarei lá
raiando como teu sol
todos os dias, nenhum fictício
mas real, urgente

Passar do tempo

Passar do tempo
 
Nada mais dura para sempre
tudo é esporádico volátil
porque aprendi como nunca desfazer 
as oportunidades que a vida nos oferta
e sem certezas absolutas recuso-me
a direccionar palavras que não aquelas
que ainda sobrevivam ao passar do tempo
se projectem no meu silêncio
multipliquem todos os sinais e ecos
de felicidade nunca intimidantes
nem contraditórios
mas que apenas nos restituam

Olhando sobre o mar

Olhando sobre o mar
 
Não há mais flores, nem festas
o brilho das celebrações findou
nesta desordem que aplaca
meu coração
carregando incansável
ainda a Primavera passada
esqueço-me que amanhã morrerá em nós
aquela madrugada vestida no festim das constelações 
que brilham além do reflexo deste mar tanto nosso
procura-me, entrelaça-te em mim
comemora-me uma vez mais
apaga-me o bulício desta luz virgem

Tão forte

Tão forte
 
Algumas recordações
são como as  pétalas das rosas
que com o tempo 
se desfolham e caiem
inertes no solo, o mesmo solo
onde pisamos cada integridade contida
nos grãos de areia
quantas solidões teremos que sofrer
e depois sair de mãos dadas
com esperança contida na fé
por cumprir,íntegra,sóbria rendida
a tudo o que nos sacia e redime
qual sede de viver e amar
amando

Metamorfose ao acordar

Metamorfose ao acordar

 

 

Vem conhecer um ser confuso

Que rasga folhas á longos anos

E que por mais que escreva nunca se sacia

Busco palavras nas avenidas do mundo

Busco palavras no meu poço fundo

Não sou o que esperaram de mim

Não serei o que sempre quis ser

Não tenho espaço, nem tempo

Para mudar o que sempre quis ser

Os defeitos que tenho ... já não são defeitos

São apenas o que sou

Perdoem-me por ser confuso e ter procurado toda a vida

Retorno À Origem

Aprontei a dar fuga da cidade
Com toda a possível fugacidade.
O bucólico estava prometido,
Já se sabe: o prometido é devido!

O frenético reboliço urbano
Causa me um alheamento tirano.
Faz-me ficar tal peixe fora d'água,
Fico vazio, perdura só mágoa!

Cinzenta cidade, negro alcatrão
Deixem-me fugir, larguem-me da mão!
Como é possível ar tão poluído?
Ensurdeci do tamanho ruído.

Que Importa?

O que te importa o que da vida faço?
Se amo, se odeio, se tenho cobiça?
Nós não somos mais que um mero pedaço
de carne, ah!, a apodrecer em preguiça.

Temos alma? Pois sim, alma teremos.
Mas até essa no fim desvanece.
Nada resta, e todos então seremos
Somente uma memória que arrefece.

Lembras-me ainda que é o raciocínio
Que nos diferencia dos animais.
Mas na morte, esse tão triste desígnio,
Todos são, homens e bichos, iguais.

Viril no Feminino

Definem-se sentimentos momentâneos em tantas e tão fortes ondulações sonoras e coloridas ….

Ao de leve vão banhando meus pés femininos em alicerces esvoaçantes implacáveis de uma infinita profundidade
tolerante……de uma

Quão escandalosa quase criminosa ternura é manifestamente escamoteada

Posturas de quem quer perpetuar um chão antigo tropeçando em ossadas que se erguem em fendas colossais… .

Terramotos de luz rompem por entre invernosas portadas em tantas contrariedades nunca legitimadas

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