Para ti

Falo de ti ás pedras da minha rua,

se vens e pisas o caminhar,

sempre que de mim se desnuda,

está sempre presente o teu olhar.

 

Esse que eu imagino e não vejo,

em busca do vazio do céu,

onde o sol ilumina é desejo,

as estrelas na noite o seu véu.

 

Gila Moreira 

O Silêncio do sonho

Levanto-me do silêncio do sonho,

e o coração pernoita no vértice do naufrágio

somente para escrever-te.

 

Aquecemos os corpos dormentes

no labirinto mais fundo

de ausência e vazio rubro.

 

Tanto sol no colapso e

tanto barco na solidão

dilacerando o obscuro tacto do amor furioso.

 

Aqui escorre o teu nome,

escorre o sangue no oculto desejo,

escorre os ventos contrários,

Amor impossível

Minha boca não saberá nunca

dizer adeus,

afinal eu ainda te amo.

 

Não foi este amor impossível

que eu queria,

esta distância eterna,

este exílio mudo,

esta solidão perpétua.

 

Procuro-te e invento o tempo,

o mar de sonhos,

o beijo presente,

o corpo movediço,

quente e

exsudado de prazer.

 

Agora o que de mim

HERÓIS ESQUECIDOS

        HERÓIS ESQUECIDOS

 

Não vos louvo tão bem como queria.

Soldado, refugiado, bombeiro...

Heróis dos tempos e de cada dia,

Dais-vos em cada luta por inteiro.

 

Sois vós, heróis valentes e incógnitos,

De corpo a pedir-vos quietação,

Já doridos, suados e aflitos,

Persistis...com vigor , dedicação !

 

Nos, absortos em nosso comodismo,

Tantas vezes ingratos, insensíveis

Vivemos...e seguimos impassíveis.

 

E eu hoje esqueci meu egoísmo

Amante de pele nua

Nasce a espuma na boca do Sol da ternura,

navego o limiar do teu corpo

mais amante durante a cintilância da lua.

 

Rendo-me ao alfabeto de nexo desmedido,

rendo-me à desordem das ondas,

não posso não desejar

o desejo de jamais ter-te em mim,

desce porém até à argila húmida,

bebe-me a sede tão perdidamente sem nome.

 

E começa a minha mão a tocar-te

no fundo da vida,

Coração de Manteiga

Coração de Manteiga

 

O vento me empurrava, o tempo me cobrava

Não queria eu dar amor a ninguém, se não a mim

O vento me empurrava, o tempo me cobrava

Lutei contra o vento, venci

Lutei contra o tempo, perdi

Mas o tempo tinha um aliado

Contra mim se uniram fazendo-me recuar

O tempo tinha um aliado e eu não sabia

O meu coração de manteiga me derrotou

 

Charles Silva

Deixo esta Cidade

Deixo esta cidade,

Corro para ti.

Percorro curvas de saudade,

Vejo dores que nunca antes vi.

 

Não sei até onde ir,

Pareces distante demais.

Quero voar e quero fugir,

Ir contigo para onde vais.

 

Vejo o rio tão sossegado,

Penso como estarás.

Adormeço por um bocado,

Num sonho onde também estás.

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