O CIPRESTE QUE SE ERGUE NO PÁTIO

O cipreste que se ergue no pátio

Na calma neblina da manhã

Dita em arrogância e coragem

A vida que lhe sobra por entre

A seiva, a corrente e a vagem

 

Iniciáticas todas as imagens

Destes elementos imutáveis de real

Nós é que sobramos da paisagem

E nos esfumamos breves no coral

Na praia, na planície e no areal

 

Ficam os nossos objectos, os resquícios

Reais de nós, como rastos de lava

Pedaços de vida, rastos de caracol

E a carne quente e astral do que somos

Barco Encalhado

Vês-me, tal como eu sou, velho e usado,

Já não me dás valor nem atenção,

As rugas, as brancas e a lentidão

Afastam-te deste barco encalhado.

 

Isolaste-me da tua sociedade,

Sem eu ser assassino nem ladrão

Enclausuraste-me nesta prisão,

Lixeira de cadáveres adiados.

 

Também eu já tive a tua juventude,

Também esse teu  mundo já foi meu

E eu, por ele, fiz o melhor que pude.

 

Ajuda quem ainda não faleceu,

Lembra-te que eu fui jovem como tu

E que tu serás idoso como eu!

A sombra das horas

O teu olhar é um poema,

a tua voz uma oração;

as tuas mãos são, na minha pele,

uma comunhão de sentidos secretos.

Os pássaros voam pelo firmamento

inquieto – perturbam,  por instantes,

a nossa quietude sublime.  O sol brilha

no cimo das cortinas cerradas e o amor urge,

no silêncio das palavras sussurradas.
 

O teu olhar recita a nossa solidão,

a tua voz exalta as minhas penas;

as tuas mãos afagam-me

por dentro da distância oculta do teu nome.

Os pássaros levam-nos os murmúrios serenos

A sombra das horas

O teu olhar é um poema,

a tua voz uma oração;

as tuas mãos são, na minha pele,

uma comunhão de sentidos secretos.

Os pássaros voam pelo firmamento

inquieto – perturbam,  por instantes,

a nossa quietude sublime.  O sol brilha

no cimo das cortinas cerradas e o amor urge,

no silêncio das palavras sussurradas.
 

O teu olhar recita a nossa solidão,

a tua voz exalta as minhas penas;

as tuas mãos afagam-me

por dentro da distância oculta do teu nome.

Os pássaros levam-nos os murmúrios serenos

ABRAÇOS DEMORADOS

ABRAÇOS DEMORADOS

Quero,
Viver veemente, não como sol de pouca dura
As rotas do sonho, a sorte do novo, o inovado
Voar sem medo pelos meus sonhos, não pela aventura
Um grande amor, gritar bem alto, que te tenho a meu lado …

Quero,
Nas emoções que dentro de mim crescem
O toque extasiado de muita luz, consciência pura
Cânticos q’ suavizem meu sono e que aos céus me elevem
Auroras de amor, abraços demorados de muita ternura …

Mariana Asper

NAS GOTAS DA CHUVA

NAS GOTAS DA CHUVA

A chuva cai, cai mansa
Molha a terra de momento
Sinto o cheiro que me desencanta
Das folhas secas trazidas pelo vento

Chuva fria, forte e constante
A terra tornará a ser fecunda
Os campos cobrir-se-ão de flores num instante
Serei um dia árvore de raiz profunda …

(…) Semente que floriu no cerejal,
Não me assustará, mais, nenhum vendaval!

Mariana Asper

A PRINCESINHA

Como um presente tão delicado
Que desperta em nós tanto carinho,
Ela tem a luz de um céu doirado
E a doce ternura de um anjinho.

Quando em seu berço de nuvem dorme,
Tão graciosa, sorri sozinha;
E quem não tem um amor enorme
Por esta querida princesinha?

Seu reino de sonhos e doçura
É cheio de flores no caminho,
E nos corações em que fulgura
Ela também fez seu meigo ninho.

MENINO POETA

MENINO POETA

Menino poeta, de olhos cansados, escutando, os sons roucos das

palavras sem nexo nesta escrita de loucos, deste poema corrido, onde a

perseverança é nublada por pensamentos vestidos de negro, decantados

na desilusão da espera e trajados em crepúsculos pálidos da incerteza.

As frases dos teus poemas jazem vencidas caídas, varridas, para

esse abismo profundo de solidão. E a sorte, essa, amarga e profana até

na morte, cai em mergulho profundo, asfixiando-se por entre ais e

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