A porta
Autor: Maria Cristina ... on Monday, 25 July 2022Para uma vida tranquila é necessário fazer opções ...
Para uma vida tranquila é necessário fazer opções ...
Em busca de mim mesmo
Sempre foi assim
Com incessante desespero
Tentando cuidar de mim
A princípio nem notei,
Hoje sei como lutei
Somente para sentir
De tudo que tentei
Acertar desta vez
Então eu errei e
Muito mais me perdi
O tempo, os ventos e o ar
Sem cerimônias a passar
Diante do meu existir
Hoje as forças já me faltam
A esperança que tanto falam
Já fez as malas pra partir
Com meu último desejo
Que nasceu do desespero
Decidi que o recomeço
conduzo a minha existência até à tribuna da poesia: aí refuto os espaventosos trilhos da ignorância quando desaguo na alma coletiva fazendo emergir os seus sofrimentos e as suas venerações.
i.
a sutura do entardecer
consome minhas urgências
com a cáustica volúpia
de degredo ou de dano
ii.
o que não é forma ondulada
me remete à constância
das linhas adivinhadas
que se escoam sem discordância
iii.
minha inadiável iminência
também não se dissolve
como tempestade que tarda
clamando por seus relâmpagos
iv.
desse combalido ditame
me protege cromada couraça
recobrindo minha pele e espírito
com indevassável membrana
possuo firmeza em todas as matérias que derivam do meu juízo na ousada missão de observar a sociedade: o meu barco resistiu ao oceano turbulento da desventura e baseia-se agora num cais inundado pela poesia.
1.
não recuso dia algum
nem sua ação adiada
somos da mesma lâmpada
e dela não me afasto
2.
por nada me desaprova
o que me circunda
e se não me aprouver seu fastio
deponho o fardo dos sentidos
3.
não nego e não me envergo
com a ciranda dos passos
mas contorno a cilada do chão
sem temer sua cisão
4.
e como uma pedra rasante
tangendo a superfície do orvalho
transporto na sede do vento