Porcelana

Que mais vais me roubar?

Roubaste-me o coração e a poesia,

Fizeste cativo os meus sonhos

E me tiraste o direito ao ar puro.

 

Por que tanta doce tirania?

Acaso, sob o inefável doce

De cada beijo que me dás

Não sabes que me aprisionas sempre mais?

- Lança fora, peço-te

As chaves dessa cadeia;

Pois estar preso a ti

É tudo o que esperei dessa vida.

 

Escrevo, canto, louvo e poetizo

A ti somente, anjo belo,

Musa-mor

De todos os sonhos que a cada instante tenho.

Que estás aqui.

E te sinto – ainda que em forma

Da mais cruel saudade - e te respiro

E me recluso a ti

Como um soldadinho de chumbo

À serviço de uma dama de porcelana.

 

Sim, de porcelana és:

Tão delicada, tão serena,

Tão linda...

Já não durmo!

Penso em ti e o sono se vai

-Nessa calma noite

Em que tudo o que eu queria

Era estar ao teu lado.

 

Ah! És assim, tão sem igual

Que as palavras, mesmo todas elas,

Não bastam para descrever-te

E o meu amor é tanto, tanto

Que mal cabe no meu coração;

Quanto mais sobre um papel.

Diga-me, senhora de mim,

Por que tive – e por que tenho -

Que te amar tanto

Se de tanto amor não me aguento mais?

Mas aumenta a cada instante

A vontade de te amar.

 

Que a eternidade nos aguarde;

Pois enquanto ela durar,

Dura o meu amor por ti.

 

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