Retorno À Origem

Aprontei a dar fuga da cidade
Com toda a possível fugacidade.
O bucólico estava prometido,
Já se sabe: o prometido é devido!

O frenético reboliço urbano
Causa me um alheamento tirano.
Faz-me ficar tal peixe fora d'água,
Fico vazio, perdura só mágoa!

Cinzenta cidade, negro alcatrão
Deixem-me fugir, larguem-me da mão!
Como é possível ar tão poluído?
Ensurdeci do tamanho ruído.

Tantas as pessoas, tal multidão!
Enjoo todas, sem haver excepção...
Todos tão iguais, os clones urbanos,
Seres artificiais, não mais humanos.

Não se vêem mais expressões faciais...
Rostos inúmeros, mas todos iguais!
E trazem todos a alma talhada
Das mesmas ideias, do mesmo nada!

A impessoalidade que a urbe tem
Faz-me chorar p'lo regaço de mãe...
Anseio por um alguém que m'embale
Neste mundo onde o tudo nada vale!

Levo as mãos à cara, arranho-me fundo.
Faz-me enlouquecer, este sítio imundo!
Contamina-me a alma, o corpo e a mente,
Há que fugir deste lugar doente.

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Comentários

Nossa! É de arrepiar, emocionante!

Abraços!