Dias de Inverno

Num dia de Inverno, a chuva a cair,

Lembra-me a minha vida, não vale a pena mentir.

Quantas vezes a mesma chuva percorre a minha feição,

Magoas tão frias que gelam o meu coração.

 

Quantas vezes o amor me aqueceu de mentira,

Que me dá amor hoje e amanhã já tudo me tira.

Estou farto de gastar tanto tempo em vão,

Em sentimentos falsos que só enganam o coração.

 

Ontem morri de amor e hoje continuo morto,

Sou um navio à deriva que se perdeu do seu porto.

Sonho com ela e com outras demais,

Tantas belas facadas que podiam ter sido fatais.

 

E a chuva tanto caí, parece vinda do meu pranto,

É triste sofrer a ressaca de falso encanto.

Vejo tanta perfeição e tudo não passa de defeitos,

Ratoeiras enfeitadas que destroem tantos peitos.

 

Tantos sorrisos tão bonitos e que se ligam a nós,

Que escondem um destino sempre triste e atroz.

Desconfiado não confio, mas acabo a confiar,

E mal surge o mau tempo, acabo por me molhar.

 

Tempestade que corre de coração a coração,

Molha os olhos e não tem cura nem razão.

Mal daquele que não saí abrigado,

Que leva com o dilúvio, síndrome do apaixonado…

 

 

(2012)

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Comentários

A aragem fria trazida pelo vento do sentimento
em vagas sucessivas assalta o coração em dor
chuva ácida que escorre no rosto do isolamento
letras de amargura, tinta de fel na poesia de amor!
Que o teu poema seja uma lágrima que fale
que ao gritar não! Saiba e diga o que precisas
que seja o interlúdio na tarde e que a noite estale
que o céu de estrelas aponte a terra que pisas
que a lágrima de sal que vai caindo do teu rosto
que escorra pelo vazio pejado de indiferença
e a duvida faleça enterrada no desgosto.

Um abraço forte, amigão.

António Cardoso's picture

Muito obrigado, amigo João Murty.

Belas palavras.

Um abraço.

É triste! Mas a vida  se completa assim... Entre o bem e o mal.

Abraços!

António Cardoso's picture

Muito obrigado, Madalena.

Um abraço.