não me revejo nos exaustivos valores das sociedades: nos seus escrúpulos e nos seus palavreados triviais; nos seus ritmos veementes e nos seus triunfos fugazes; nas suas hierarquias arrogantes.
repuxo mágoas para as poder examinar; para as circunscrever aos desgrenhados horizontes que entrevi; para me afastar dos tempestuosos lugares onde me atolei; para destruir os cardos espinhosos que germinaram em mim.
haja um féretro onde se coloque a malignidade abrangente; os vestígios pérfidos da existência humana; os desvairos emocionais que nos supliciam; as narrativas que nos ludibriam para agrilhoarem as nossas utopias.
descontenta-me a correria pelo triunfo por causa das perturbações que origina: ela enfraquece a solicitude nos baldios da arbitrariedade; e incentiva as proezas disformes daqueles que renunciam às afeições.
endereço palavras lacerantes àqueles que transformam as nossas vidas numa correria desvairada; numa flagelação que gera próteses e ferimentos incuráveis; numa realidade que aprofunda a nossa existência desguarnecida.
catapulto mensagens desde o lugar onde me movo para iluminar o meu destino; para repreender as frivolidades mundanas; para divulgar a minha essência poética; para introduzir no meu pensamento os ditames que a qualificam.
a funesta postura dos homens quando promovem as suas discórdias nos lugares onde se agitam: onde as suas rudes atuações influenciam as crianças; onde o seu ego se intromete para relevar intentos perversos.
as páginas que eu recheio para compor os meus versos...: para prosseguir numa senda apoteótica que arremeta contra as obsoletas tradições... para conter os meus impulsos malvados e estimular a minha genuinidade...
coloco a esperança numa montra para a transfigurar numa gesta fundamental: para a fazer evoluir por entre os rochedos do sofrimento; para a fazer cursar os itinerários da redenção; para a fazer resistir aos espinhos da mocidade.
excito as lembranças que divulgo com a lanterna das minhas reflexões; com a lucidez que avivento ao instalar a minha existência num mundo de cristal; com as palavras moderadas da minha razão.