as palavras voejam numa demonstração da sua enorme liberdade: a sua sabedoria converte o mundo numa bola de cristal: em poemas que caem sobre a urbe para a poderem regenerar.
deixo que as palavras removam as minhas asperidades caloiras para as dissolverem nos seus intuitos benignos; promovam o meu bem-estar através das ideias que sustentam; transfiram as suas pegadas de ternura para os lugares onde circulo.
as minhas palavras estão repletas de alvoroçados dilemas que eu transporto até ao coração dos leitores para lhes inspirar resolutas emancipações; e de lúcidos juízos que os advertem contra os falsos amplexos mundanos.
as palavras flutuam num oceano conspurcado pelas atitudes execráveis dos homens; pelos seus atributos mesquinhos e pelas suas causas furibundas; pelos seus exageros revoltantes e pelas quezílias que produzem.
homenageio as palavras airosas que sulcam o meu pensamento; que me arrebatam quando fantasiam o mundo que me rodeia; que me transportam a uma galáxia onde a poesia é rainha.
julgo que as palavras podem alcançar a essência da vida para a reformularem com ideias melhoradas; para produzirem cânticos que nos dirijam à redenção; para contestarem o mundo e as suas façanhas nocivas.
pretendo utilizar palavras que encubram os sermões autoritários de outrora; que se projetem dum eremitério para divulgarem os meus furores; que superem os cenários vulgares para fortalecerem a minha agudeza.
as palavras encravam quando as discriminamos; quando lhes extraímos afirmações que as importunam; quando desprezamos o seu valor; quando transferimos para as nossas atitudes um rancor exacerbado.
as palavras incentivam-me quando os versos brotam da alma para relevarem o meu mérito; para anteverem os meus sucessos iminentes; para ampliarem o rol de emoções que eu pretendo transmitir aos leitores.
as palavras florejam quando nós as julgamos esbeltas ou argutas; quando elas ostentam os nossos sentimentos profundos ou os nossos apuros existenciais; quando elas transitam para a insigne poesia.