calmaria
Autor: António Tê Santos on Sunday, 2 February 2025através do meu labor poético dissolvi as façanhas nocivas onde me enredei; as minhas perturbações e as vicissitudes das minhas atividades mundanas; as táticas ofensivas dos meus inimigos.
através do meu labor poético dissolvi as façanhas nocivas onde me enredei; as minhas perturbações e as vicissitudes das minhas atividades mundanas; as táticas ofensivas dos meus inimigos.
o desejo de permanecer na festa íntima que me invade os sentidos e que norteia as minhas lucubrações; que me transmite uma felicidade que progride sobre os escombros dos meus sobressaltos; que fortalece a minha inspiração.
desvio-me da ventania dominante para justificar a angústia que sombreia a maioria das pessoas; o desespero que as assedia; a penúria moral que transferem para os recônditos lugares onde circulei.
a poesia repercute-se no meu bem-estar para que olvide o sofrimento: são florestas encantadas que planto no núcleo das minhas emoções; são vocábulos que arranco à monotonia abrangente para construir as minhas utopias.
apreendo a textura da inocência quando sustenho as minhas armas para observar a meninice: as suas práticas feitas com alma e coração; as suas mensagens transparentes; as suas dádivas caloiras.
o amor já não consta das fantasias que imagino para temperar a rotina; nem dos palácios que erijo para compor os meus versos; nem dos lugares que frequento e donde expulso os seus débeis sinais.
os livros que escrevo permitem-me retribuir os afetos que granjeei: são pedaços do meu ser que ofereço aos leitores; são páginas jubilosas que transformo em erudição; são discursos que sonho entalhar nos anais da poesia.
distanciei-me das lutas terrenas para refletir nas penosas agressões que suportei; nos ultrajes que surfaram as vagas da minha inocência; na sensibilidade que dispus no núcleo da poesia para aprimorar o meu temperamento.
o recheio do meu viver está na postura sóbria que manifesto para abrandar a fealdade que vou descrevendo; que vou transferindo para a tribuna das minhas asseverações poéticas, inspirado na douta razão.
eu quis escapulir das emoções que transbordavam angústias e deprimências quando investi contra as muralhas do mundanismo conseguindo derrubá-las para promover as minhas gratas fantasias.