a flor austera
Autor: António Tê Santos on Friday, 5 January 2018embebo os meus afazeres em vocábulos que derivam pelos canais intumescidos onde a morte escava a sua pronúncia ou onde a tolerância vai esculpindo a airosia.
embebo os meus afazeres em vocábulos que derivam pelos canais intumescidos onde a morte escava a sua pronúncia ou onde a tolerância vai esculpindo a airosia.
regurgito reflexões que abrasam os enredos do cortejo mundano quando operam numa terminologia desvairada condensando a minha solidão.
O desgoverno...
Inoperante diante da astucia esperada,
incólume em solo movediço,
de causas mal resolvidas,
satisfeito de ser menos que o prometido.
Haveria sorte em que acreditar,
antes mesmo de começar,
sua vontade será igual surda,
no mundo absolutamente inseguro.
No mesmo comprimento do ora andado,
pelos martírios já suportados,
cobrada pelo espanto de sua enorme sombra
recalcada ainda com o sol a pino.
Presente sempre com enorme fragilidade,
na matilha dos inconsciente,
A caixa
Me vi pequeno, muito,
dentro de uma caixa, minuta,
com paredes, supremas,
em cima de um nada, hórrido.
Assim como antes, hoje,
perdi o tempo, num instante,
ganhei olheiras, gigantes,
nada resolvi, estranho.
Onde estou, agora,
e o que restou, depois,
e quando não mais ver, verei,
serei todo então, resolvido.
Apenas aquele som estridente e ininterrupto
a exaltação da sensibilidade em torno de panaceias concludentes que aplaudem as minúcias refletidas em vocábulos que espezinham a universal subserviência.
recrudesce um bailado conduzido até à organização dos meus gemidos com versos livres de propósitos fraudulentos porque extravasam uma esperança que ultrapassa os escombros da minha juventude.