o auge da maturação
Autor: António Tê Santos on Tuesday, 15 April 2025concentro-me na tarefa que me imponho de ataviar o mundo com as minhas lembranças; com as minhas profusas dissertações; com a aura que busco para transverter o sofrimento.
concentro-me na tarefa que me imponho de ataviar o mundo com as minhas lembranças; com as minhas profusas dissertações; com a aura que busco para transverter o sofrimento.
a poesia ressalta como um elixir contra as barreiras que nos fronteiam; contra as desavenças que proliferam nos escaparates da humanidade; contra o persistente crescimento da malvadez.
desdobro poemas sobre os fracassos da minha vida e sobre os seus instantes jubilosos: para corrigir os meus traumatismos e os meus rememorados dissabores; para olvidar as pessoas viciosas que topei; para divergir do ressentimento.
na minha juventude eu alegrava-me com as redações que compunha: era quando as minhas façanhas superavam o mundo tristonho que me envolvia; e quando os dísticos de grandeza tinham o auxílio da imaginação.
o fervor que cruza as minhas ambições resulta dos meus dilemas prementes; dos meus alucinados intentos de derramar versos que exprimam uma feérica combinação de arte e pensamento; das minhas desaprazíveis experiências.
eu julgo que os atos danosos dos homens resultam das suas mágoas fertilizadas pelo infortúnio; das suas assombrosas imprudências que destapam muitos problemas por interpretar; das suas bastas ambições devastadas por malogros intrínsecos.
entrevi as máculas irracionais da multidão; os seus traumatismos profundos mudados em irosos comportamentos; as suas desenfreadas rebeldias e as suas explosivas provocações; os seus anacrónicos tormentos.
o controlo emocional oriundo do saber faz-me acreditar no triunfo da minha razão sobre as críticas usuais; sobre os fardos que tombam na minha cabeça; sobre as atoardas perversas das multidões.
existe uma ponte entre o desconsolo e a alegria que eu transponho quando insiro na minha vida uma grande clarividência: através da exposição triunfal das minhas atividades poéticas; através das minhas protuberantes reflexões.
solicito o abrigo das reflexões para olvidar as notícias da morte; para investir nos ensejos pacíficos que conduzem à harmonia geral; aos segredos duma vida sadia arrebatada à gente cruel.