o cais sereno
Autor: António Tê Santos on Sunday, 10 September 2017as palavras que imaginei enquanto as falcatruas lustravam os sortilégios da quezilenta estrutura; o desempenho destro e vigoroso dessas palavras sobre os traumatismos.
as palavras que imaginei enquanto as falcatruas lustravam os sortilégios da quezilenta estrutura; o desempenho destro e vigoroso dessas palavras sobre os traumatismos.
Que duro seria se meu poema tivesse apenas uma linha.
persigo o ritmo dum sonho espancado por olhares carrancudos.
a solidariedade serpenteia por entre os escombros daquilo que não pude conservar.
há humores que resfriam quando reforçam apreços desusados.
há uma moda intraduzível divulgada pelos produtores de mágoas.
as palavras dilatam-se num lugarejo de tonalidades abrangentes.
os lampejos fátuos dos homens que revivificam a nostalgia.
o truão revisa os bailados eróticos que se opõem ao uniforme viver.
nenhum orador discursa sobre os itinerários flutuantes da morte.
filtro clarividências para quem se encontra num charco pestilencial.
quando a quimera se ergue no púlpito aceso pela imaginação.
trauteio árias circundadas por eventos experienciais.
sobre o soalho da regeneração grito frases poéticas.
os homens aprenderam a segmentar os reveses pungentes.
a vaga de demonstrações afetivas no quadro duma revolução liminar.
os acontecimentos que atiro ao rio numa trouxa lacerada.
Você sempre correu atrás da benção
E ainda não conseguiu alcançar
Visitou templos e religiões
Mas sua benção não estava lá
Às vezes você chora e fica triste
E ate desiste de sua benção procurar
Ela sempre teve ao seu alcance
Ainda não é tarde ela esta a ti esperar
Olhe para o céu e ao seu Deus comece adorar
Vera que antes da chegada de um novo amanhecer
Na sua vida você vai ver sua benção chegar
Você que a vida inteira sua benção buscou
E hoje se sente cansado de tanto lutar
a frialdade é uma fonte de calorias para quem da aparência contraria o odor rejeitando os letreiros banais porque os versos reclamam imaginação quando se tem a postura do mancebo que examina a sua alma.
Num certo dia, na cidade de Nazaré.
Surgiu um homem que pregava
Sobre amor esperança e Fé
Quando Felipe o encontrou
Natanael, ele foi depressa avisar.
Que dizia não acreditar, que em Nazaré.
Alguma coisa boa pudesse acontecer
Felipe disse, vem e vê.
Natanael então se aproximou
Daquele homem que tinha o brilho no olhar
Ele ao ver a sua frente começou falar
ES um verdadeiro israelita
Te, vi debaixo da figueira.
Antes de Felipe te chamar
Natanael percebeu então
envolvo as minhas desordens com palavras metódicas que regurgitam o sonhador propondo-se transformar os reclamos que absorve em epístolas graciosas.
os vocábulos que urge juntar refletindo uma textura que sobeja das minhas antropomórficas efusões; os sintomas irascíveis que eu procuro dissolver confrontando-os com os imperativos que atravessam os meus pensamentos.