Contradição
Autor: Joana Trindade ... on Friday, 7 April 2017Recuso-m'encontrar poesia em tudo.
Abomino aquela vozinha que me fala em verso.
Vomito, porque o nojo de hoje
amanhã já não será o mesmo.
nem eu.
Recuso-m'encontrar poesia em tudo.
Abomino aquela vozinha que me fala em verso.
Vomito, porque o nojo de hoje
amanhã já não será o mesmo.
nem eu.
há trombas d´água investindo nas tubagens adjacentes aos caminhos abandonados onde as palavras resultam dum ócio glorificado quando as pautas chilram cantigas e o vento as leva para as serranias da agudeza.
há discórdia sobre todos os pontos duma matéria bolorenta que cruza os semáforos da cidade para se afundar no rio da comiseração quando a imperícia se desvia para reflexões que traumatizam os que procuram resistir aos tormentos.
reduzo o balanço a imperiosos deveres e transversais leviandades.
transfiro-me para o lugar onde a fraude tem pruridos solidários.
a monotonia desloca o seu areal para a fronteira da imaginação.
estoirei o mural da apatia ao continuar por roteiros insalubres.
as palavras transitam para a razão que as estrutura em convicções.
as atoardas infiltram-se nos dizeres que brotam das leituras quotidianas.
a grosseria dos homens que se atolam nos seus próprios excrementos.
enxergo dentro dos copos toda a indigência do viver humano.
existem guerrilheiros contrafeitos reunidos a projetos fantasistas.
há um fervor na linguagem quando embebo referências corrosivas.
o pudor regateia nos antípodas duma vida tumultuosa.
o rescaldo duma era em que a sageza procura o átrio desprovido da lisura.
o hermético porvir exige o entroncamento das ideias numa consciência descritiva.
o autêntico bem-estar está no topo duma escadaria imaginária.
o exame impõe-se aos trinados da poesia caldeando a sua cozedura sublimada.
A paixão tem memória curta,
Na corda bamba do interesse.
Perde-se nesta disputa,
De questionar o que eu mereço.
Algo mais, absolutamente,
Melhor do que qualquer um.
Ser desejado profundamente,
No sentimento mais profundo.
o poeta embarra na parede submersa da contrariedade e da desconsolação.
as gaivotas da liberdade perfuram a cerca dos costumes bradando mágoas incandescentes.
as palavras avultam no meio dos passageiros do barco grande que desmantela a tempestade.
há vocábulos que extirpam os estertores dirigindo-se ao tablado da originalidade.
o rol de acusações que se apuram em querelas escavas intentando expulsar a sensaboria.
a paródia similar à trouxa que boiasse nas águas repelentes dum escoamento.
a geometria dos acasos parece descobrir as concórdias e os amplexos ternurentos.
tudo o que se descobre no fulgir da emotividade provoca afagos que se hospedam na convivência.
os poetas embrulham os alvoroços desconhecendo como se abrandam as circunstâncias.
o escampado imenso é girado de afeto ou de consolação quando os cardos da lembrança me abandonam.
Sou um visitante,
Apenas turista.
Por cá vou passeando,
Aproveitando a vista.
a fragrância do homem que repuxa as vacarias até ao limiar da criação poética.
a alma saboreia o viver descalço que se estuda nas provações da meninice.
a mulher que se descobre nas ilhas fundas do amor urdindo pelejas ou amarrando a veemência.
os poemas eliminam as fragosidades que obstam ao crescimento da ilusão.
os paraísos que se manifestam na semeação de homens conscientes.