Meditação

PALAVRAS CONVERGENTES

a paródia similar à trouxa que boiasse nas águas repelentes dum escoamento.

 

a geometria dos acasos parece descobrir as concórdias e os amplexos ternurentos.

 

tudo o que se descobre no fulgir da emotividade provoca afagos que se hospedam na convivência.

 

os poetas embrulham os alvoroços desconhecendo como se abrandam as circunstâncias.

 

o escampado imenso é girado de afeto ou de consolação quando os cardos da lembrança me abandonam.

O NÚCLEO DA SOLIDÃO

a fragrância do homem que repuxa as vacarias até ao limiar da criação poética.

 

a alma saboreia o viver descalço que se estuda nas provações da meninice.

 

a mulher que se descobre nas ilhas fundas do amor urdindo pelejas ou amarrando a veemência.

 

os poemas eliminam as fragosidades que obstam ao crescimento da ilusão.

 

os paraísos que se manifestam na semeação de homens conscientes.

EU ORO

EU ORO

Eu oro, para que o sono chegue,

mas ele vem montado num jegue.

Meu coração não sossegue,

até que alguma coisa se ergue.

Eu oro, para eu ter um sossego,

e se livrar do morcego,

que minha vida morcega,

se me soltar...

Corro as léguas.

Eu oro, para que você goste,

mesmo errado aposte,

sem ficar parado feito um poste.

Isso é o que mais me desgoste.

Eu oro, para me despedir de você,

esperar o sol nascer,

e continuar a viver.

EU ORO!

 

Madalena Cordeiro

O CLARÃO ÉTICO

eternizam-se as desilusões daqueles que enfezam em calabouços invisíveis.

 

há gestores na penumbra de ideias fátuas que ultrajam as pessoas famintas.

 

na textura humana apuram-se contingências que desesperam.

 

quando o vulgar entendimento se transmuda em ideal.

 

a inconsciência estimula maneiras artísticas de protestar.

Toque humano

Somos todos alunos,

Do mesmo professor.

Onde a primeira lição,

Seria não distinguir cor.

 

Nem sempre há aproveitamento,

Muito é desperdiçado.

Pelo aluno desatento,

Ou apenas desinteressado.

 

Num exame de consciência 

Seria fácil passar,

Aprender com a inocência,

Duma criança no olhar.

 

Um pouco de paz, e amor,

Eu gostaria de ver.

Num mundo com tanta dor,

Onde existimos para sofrer.

 

Existimos para julgar,

Insistimos em absorver.

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