Turista
Autor: Duarte Almeida Jorge on Friday, 31 March 2017Sou um visitante,
Apenas turista.
Por cá vou passeando,
Aproveitando a vista.
Sou um visitante,
Apenas turista.
Por cá vou passeando,
Aproveitando a vista.
a fragrância do homem que repuxa as vacarias até ao limiar da criação poética.
a alma saboreia o viver descalço que se estuda nas provações da meninice.
a mulher que se descobre nas ilhas fundas do amor urdindo pelejas ou amarrando a veemência.
os poemas eliminam as fragosidades que obstam ao crescimento da ilusão.
os paraísos que se manifestam na semeação de homens conscientes.
EU ORO
Eu oro, para que o sono chegue,
mas ele vem montado num jegue.
Meu coração não sossegue,
até que alguma coisa se ergue.
Eu oro, para eu ter um sossego,
e se livrar do morcego,
que minha vida morcega,
se me soltar...
Corro as léguas.
Eu oro, para que você goste,
mesmo errado aposte,
sem ficar parado feito um poste.
Isso é o que mais me desgoste.
Eu oro, para me despedir de você,
esperar o sol nascer,
e continuar a viver.
EU ORO!
Madalena Cordeiro
eternizam-se as desilusões daqueles que enfezam em calabouços invisíveis.
há gestores na penumbra de ideias fátuas que ultrajam as pessoas famintas.
na textura humana apuram-se contingências que desesperam.
quando o vulgar entendimento se transmuda em ideal.
a inconsciência estimula maneiras artísticas de protestar.
requisito as mágoas para que façam assentar nas cáries ondas de perfume que induzam relatos conspícuos: a misantropia assolada, o traçado das conquistas empolgantes, as páginas abertas pelos conclaves dos sábios encimando as minhas convicções.
a concha aberta do amor está nas tendas oficiais onde as feridas nunca cicatrizam; onde a proeminência das guerrilhas se faz disfarçando a morte entre os bastios da ironia; onde as imperfeições imortalizam o brado austero e exalçam os gumes dolorosos que o amor contém.
quando o homem aplica a dose de sensaboria que prende a liberdade a questões fúteis; quando conspurca o ambiente com mexericos ardilosos; quando encaixa na vida relatos insinceros... então evolui como um autómato estruturado.
Para quê?
Faço esta pergunta.
Não a coloco em lado nenhum.
Faço-a na sua interrogação mais simplista.
Faço-a enquanto encho o copo.
Esse poço de perguntas sem resposta.
Bebo até não me lembrar da pergunta.
Para quê?
Somos todos alunos,
Do mesmo professor.
Onde a primeira lição,
Seria não distinguir cor.
Nem sempre há aproveitamento,
Muito é desperdiçado.
Pelo aluno desatento,
Ou apenas desinteressado.
Num exame de consciência
Seria fácil passar,
Aprender com a inocência,
Duma criança no olhar.
Um pouco de paz, e amor,
Eu gostaria de ver.
Num mundo com tanta dor,
Onde existimos para sofrer.
Existimos para julgar,
Insistimos em absorver.
Perpetuando a insana sensação
de busca pela perfeição,
enquanto deambulo pelas rédias,
sem regras,
entendo que é falsa
essa tendência.
Por ser quimera imensa,
fugi.