o lugar das alucinações
Autor: António Tê Santos on Tuesday, 3 January 2017projeto-me sobre os louvores e arrefeço-os em relatos onde baralho os esquemas fatigados da truculência (sou uma fraga que espilra ao escutar rumores afetuosos).
projeto-me sobre os louvores e arrefeço-os em relatos onde baralho os esquemas fatigados da truculência (sou uma fraga que espilra ao escutar rumores afetuosos).
a arteirice sopesa a sua jurisdição sobre a miséria circundante num taciturno sobrevoo das elucubrações deterioradas pelas tempestades íntimas.
haja uma rebelião que agite os insignes mordomos do presente; que substitua a saliva divina pelo espetro dum timoneiro que esfrangalhe a sua retórica abissal.
a rotundidade do silêncio no cerne da gente desprezada, os conflitos trucidando a alvorada para recolherem aqueles que agonizam na algidez da estrutura, a faceta ébria da lhaneza ao sobrevoar a tirania.
a nomenclatura teatraliza os versos perturbados da minha embriaguês: o meu nervosismo só termina no momento em que as descrições se agigantam.
eu entrevejo tréguas e outras mentiras que me transmitem as falsas alegrias dum viver descalço; por isso tinjo-me com as cores do meu passado no abrigo que escavei para mitigar o desespero.
há poemas que assentam no lugar da tibieza e do desencanto; mas pode-se contornar esse panorama nos recantos híbridos do renascimento promovendo querelas que amplifiquem tarefas imaginárias e as próprias frustrações.
a minha poesia jaz no cimo duma serrania escarpada traduzindo a vitoriosa assunção de desejos abrangidos por equívocas redações.
há lágrimas que transpõem a ponte da serenidade para esculpirem tratados que relevam das historietas tradicionais ao repelirem o prazer em abrasar a assistência com divagações imaturas ou cruéis.
Enquanto viver
morrerei
todas as noites.
E ao levantar renascerei.