Meditação

Incorporação

Por vezes viajo pelo tempo,

Tão antiga que é minha alma.

Dos seus extremos até ao centro,

Percorro-a com toda a calma.

 

Vejo, vivo, respiro.

Tudo aquilo que dentro de mim persiste.

Um beijo, um livro, expiro.

Enquanto meu corpo resiste.

 

Um dia que a vida me abandone,

Perde-se tudo também.

Que minha alma não tem dono,

Quando deste corpo vive sem.

 

Realizador deste ardor,

Embora doa realizo-a.

Realizo esta dor,

Onde o teu nome a suaviza.

 

 

Quando breve é a vida

Comecei a rima mais breve de sempre,

Sem nada para dizer.

Apercebi-me por dentro,

Do que na verdade estava a escrever.

 

Propositada não seria a sua brevidade,

Porém no acaso envolvida.

No entanto tudo é limitado,

Quando breve é a vida.

 

Até mesmo a estrela mais brilhante,

Vê a sua luz diminuída.

Tudo é breve portanto,

Quando breve é a vida.

Amanhã és poema

Desaparece de mim,

Ainda sinto a tua presença.

Ainda não vejo fim,

Não é completa transparência.

 

Terás que ser invisível,

Afastada da alma.

Terás que ser impossível,

Terás que ser ignorada.

 

Perguntei-me ontem,

Se hoje valias a pena.

Não quero que me contem,

Que amanhã és poema.

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