páginas timbradas
Autor: António Tê Santos on Wednesday, 31 August 2016somos malvados quando precisamos curar as nossas feridas; somos o prestígio que vence a todo o custo; somos a casta inútil que agrega legiões em busca da supremacia.
somos malvados quando precisamos curar as nossas feridas; somos o prestígio que vence a todo o custo; somos a casta inútil que agrega legiões em busca da supremacia.
Desmedido tempo a escrever,
Supérflua poesia inexpressiva.
Outrora coexistia no meu ser,
Agora lentamente desvanecia.
Tropeçava inconsequente,
Inerente a melancolia.
Subsistia dormente,
Veemente resistia.
Esporádica esperança efémera estagiava,
Errática mudança que na terra enterrava,
Pragmática criança que contigo sonhava,
Estática a lembrança de um olhar que me olhava.
os laivos de ternura içam os meus ais quando me empertigo ou escorrego; e quando vomito o sofrimento dando sentido a uma vida desprovida: é uma concha entreaberta o lugar seguro que habitarei.
subi penedias que ilustraram os rudimentos da minha vida: os dissabores dançaram à volta dos abusos e as brigas foram transportadas para um enxurdeiro.
o marginal ingressa nas vielas seguindo na esteira doutros que o antecederam ao inserir trastes grandes pelas ruas estreitíssimas: é bêbado e é mau mas possui um coração singelo.
tenho a duradoira missão de conspurcar a esperança com premissas francas e desencantadas mas recuo aos meandros da solicitude para afagar as almas bolorentas.
quem diz palavras que são flores mirradas na festarola dos sentidos? quem esfria os hábitos que empestam os palácios e as fortunas colocando na clausura os autos das injustiças?
o dístico da saudade está numa mancha que se estende desde uma ilha infantil: é feita de cristal e exterioriza-se nos estreitos lugares onde a devassidão avassalou.
os homens que se atrasam a restaurar os amplexos amorosos intentam adquirir lugares metafóricos onde se recriem facécias que destruam os murais do horror.