páginas timbradas
Autor: António Tê Santos on Tuesday, 9 August 2016sou um general de tropas decaídas modernizando os processos da evolução, um arauto benfazejo que contradiz os termos dos reclamos inconvenientes.
sou um general de tropas decaídas modernizando os processos da evolução, um arauto benfazejo que contradiz os termos dos reclamos inconvenientes.
da melancolia extraio perversidades quando enuncio discursos que arrasam o tejadilho da esperança realçando o descalabro que surge no matagal onde incendeio os desenganos.
o teor da programação tempera os dislates do locutor contrariando as notícias que facilitam a vadiagem dos sentimentos.
os tempos resplandecem com as grandes desgraças porque um estranho processo transmite aos homens a coragem de resistir à agonia.
as manobras inúteis dos trovadores para converterem a poesia em dilemas de leitura obrigatória: ela só é lida nas inclinações duma moda arrefecida pelos ribeiros das recordações.
espezinho as trevas no desenrolar duma agreste pronúncia que subjaz ao meu estado de alma ou saio para recuperar a ardência na calmaria duma serra onde perfaço anos de brandura para ver esta miscelânea abrir uma inocente flor.
a poesia tem um véu que eu poiso no lugarejo da juventude acoplado à gente aprazível que desembrulhava pacotes de luar: as preces geram deceções e o estouvamento desculpa esta bizarra maneira de esculpir o silêncio.
os poemas insuflados pelos sentidos exprimiam as duras quadras em que eu desandava no quintal da prepotência: os escaparates que abocanhei tergiversando pelas veredas do cativeiro (cheio de superstições).
há palavras que surpreendem ao deslaçarem raios de luz que iluminam as estruturas pérfidas: ingressam em cavernas que traumatizam quem se desdobra no julgamento das falsas ressonâncias amorosas.
versejo as lombas da saudade entre os anzóis corroídos pela delação e a falácia que empurra os numerosos gladiadores; sou um perito cingido ao grande coração coletivo, estoirando de ternura quando os abraços se imprimem.