falsos amplexos
Autor: António Tê Santos on Sunday, 8 December 2024sou inspirado pela veracidade quando discorro sobre a minha transfiguração; sobre as lembranças que propago e sobre as ideias ajuizadas que vou desdobrando para toda a gente.
sou inspirado pela veracidade quando discorro sobre a minha transfiguração; sobre as lembranças que propago e sobre as ideias ajuizadas que vou desdobrando para toda a gente.
rejeito as asperezas do amor e as próteses delas oriundas; os receios mórbidos que me fizeram enveredar por muitas aventuras desvairadas; as funestas atuações que barricaram o meu destino.
a musicalidade que existe nos meus versos resulta da carga emotiva que sustento para descrever os meus pensamentos; para refrear as minhas condutas detestáveis; para extinguir as minhas perturbações.
a hostilidade implantada nas relações humanas faz-me pensar nas minhas inseguranças juvenis: nos palcos onde exibia e aguçava as minhas imperfeições; nos meus pungentes desenlaces amorosos.
do núcleo da minha alma brotaram os meus triunfos mais importantes: a vontade indómita que adquiri para escorraçar o sofrimento; o vigor com que instaurei uma poderosa afirmação individual.
recrudescem as angústias nos meandros da existência mundana: nos protestos ríspidos gerados pelo descontentamento geral; nas farsas subjacentes à atuação dos indivíduos; no aglomerado dos serviçais zurzidos pelo sistema.
enalteço a poesia que se introduz na alma para nos libertar da tristeza e da revolta; que organiza os fardos da nossa lembrança e compõe os relatos da nossa solidão; que vocifera contra os emplastros que nos amofinam.
podem explodir as divergências mundanas que eu libertarei os versos que invento para acelerar o meu crescimento espiritual; para robustecer as utopias em busca duma vigorosa comunicação.
a paixão que concentro quando escrevo uma sonata literária... quando avalio os meus poemas à luz duma renovação interior... à luz da síntese fulgente da minha criatividade... da minha insólita existência...
o roseiral que plantei em mim tem o odor dos versos que canto para enriquecer as minhas atuações; para expandir o júbilo proveniente da depuração das minhas mágoas; para enfrentar o mundo que me circunda.