as ideias que promovo têm laivos de genuinidade na sua demanda pelo saber: indagam os homens grandiloquentes para absorverem as suas afirmações; têm as marcas do espanto que advém da leitura dos seus tratados intelectuais.
radicou o meu fado nas digressões que efetuei para olvidar a solidão; nos ferimentos que sofri enquanto transportava os meus instintos para a gruta dos desejos; nos meus exacerbados sobressaltos.
julgo as minhas proezas com aparente isenção quando reflito no meu destino; nos conselhos que ouvi para transformar as minhas atuações extravagantes; nas minhas impertinências e nos meus receios pungentes; nas próteses oriundas das minhas leviandades.
intento travar o desamor que carrego na alma galgando os obstáculos das minhas precisões; exibindo um caráter sereno que potencie a minha alegria; que me faça olvidar as querelas antigas; que compreenda os enigmas da vida.
as minhas lucubrações derivam dos itinerários escabrosos que percorri; das náuseas que experimentei quando absorvi as minhas vivências mundanas; dos lugares insalubres onde perseverei; dos insultos que sofri.
enjeito a vida que se prolonga pelos ramais da monotonia para atropelar os meus devaneios; a minha benevolência e a minha sensibilidade; as minhas demonstrações de alegria; o vigor que desejo erguer até ao cume da redenção.
ofereço fragmentos de erudição àqueles que se intentam furtar à mesquinhez circundante; que sublimam na poesia os seus dramas e os seus recalcamentos; que renunciam à existência banal para enfileirarem num cortejo transcendente.
a face decrépita da legislação faz-nos temer pelos voos irracionais que pervertem as nossas convicções; que encorajam os nossos desregramentos quando a roda-viva dos instintos nos açambarca; nos faz marionetas da sociedade.