há clamores que desembocam na agressão física ou moral para obstruírem as nossas realizações sublimes; para circularem pelo território das consciências perturbando a nossa ambicionada brandura; para transgredirem as nossas vidas.
introduzo as reflexões nos meus versos para que lhes transmitam o conceito de dor; para que cubram a minha vida de sucesso e de temperança; para que bloqueiem as minhas frívolas danças e os meus comportamentos indignos; para que me disponham no pedestal da alegria.
trago na alma preces por exercer quando o mundo me subjuga com as suas leis antiquadas; com as suas trágicas e tormentosas decisões põem em causa o meu bem-estar; os meus benignos desempenhos que intersetam excelsos ideais.
posso renegar o passado mas, pelas frestas da minha consciência, ele poderá descompor a minha estrutura vigente; ele poderá recrescer a gravidade das intempéries que me assolarem; ele poderá introduzir a dor nos meus planos vindouros.
as lágrimas abundantes que eu verti quando me embrenhei em contextos românticos que iriam ultrapassar os meus íntimos dilemas; as minhas atitudes depravadas e os meus sintomas pueris; as crises existenciais que me descontrolaram.
o intelecto lembra-me uma extensa rodovia que vai desembocar na sapiência: ele dá um poderoso encontrão na frivolidade e na ignorância; ele derrota as atuações nocivas que machucam as nossas vidas; ele desmascara a farsa mundana.
consigo superar as atribulações geradas pela imaturidade porque eu entranho o bom hálito dos meus versos; porque eu transfiro para o pensamento os meus devaneios insensatos; porque eu rejubilo com a minha constante progressão.
não vivo obcecado pelas efusões de escárnio que suportei porque na verdade eu desprezo os agravos insensatos: são imensas as correções que eu promovo quando abjuro o usual entendimento humano; são lágrimas que eu enxugo no superior interesse da razão.
levo os desgostos para o quintal das minhas atuações falidas, para o teatro das impressionantes façanhas que realizei, para a galeria dos meus desastres afetivos, para o areal das minhas rotinas ultrapassadas, para o sótão onde reside agora a maldosa gente que conheci.
obtenho a prova dos meus desacertos para expor ao leitores como os pude superar: através da sinceridade que promovo para banir a hipocrisia; através do desbaste das minhas atribulações recorrendo ao labor do pensamento; através da revelação dos cânones da virtude; através dos meus escrúpulos.