pode emergir o sofrimento que eu o revogarei para gerir o meu destino: porque sou um poeta feliz quando recolho os meus problemas para os analisar; porque as querelas são uma inspiração para a minha harmonia vigente.
a minha transfiguração permite-me redigir poemas que se encafuam na alma dos leitores; cheios de episódios acidulados que sintetizam a minha vivência; cheios de subtilezas estilísticas que desaguam em análises lúcidas.
creio numa alma imune às desavenças que nos rodeiam; às mágoas incrustadas nos nossos corações lesionados; às ocorrências instáveis que preenchem o nosso quotidiano; aos pensamentos danosos que nos atribulam.
eu desmascaro aqueles que desacatam os semáforos da liberdade e rejeitam a idiossincrasia dos visionários: as suas palavras salubres que originam um supremo regozijo; as suas sublimes perspetivas de vida.
as atuais sociedades sucumbirão se as pessoas banirem os critérios das suas vidas dolorosas: afirmando as suas quimeras em missões vanguardistas; introduzindo a transparência no seu desejo de viver.
trairia os meus intentos se franqueasse as janelas à melancolia, mas isso não irá acontecer: porque eu transfiro para os leitores a experiência que conquistei; porque eu incentivo a esperança no dealbar duma fase produtiva; porque eu defendo a congruência no contexto da minha atual salubridade.
recrudesce a nossa angústia quando as palestras se dissolvem na existência quotidiana: quando os emplastros que nos amofinam se instalam em pedestais de gesso para firmarem a sua supremacia; para produzirem a nossa alienação.
realço a palavra amor para lhe extrair todo o veneno sentimental; para verter nela todas as frustrações inerentes aos meus utópicos anseios; para transverter os seus liames tormentosos numa poética ordenação.
aquilo que se engendra para mitigar as nossas angústias rejeita os fardos que desabam sobre nós; as deceções que se subentendem dos artifícios que nos incutem desde meninos; as mágoas que se enraízam na nossa lucidez.
adensa-se o destino humano quando se projeta da memória para repercutir o seu passado sanguinolento; para agravar os seus ferimentos profundos; para converter os seus ímpetos malvados em algozes da razão.