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recrudesce a liberdade dos homens quando as suas vidas se dilatam no terreno onírico da esperança; quando soltam as línguas azafamadas para desmoronarem os rudes preconceitos; quando erigem a paz que distingue os grandes obreiros.
logro ultrapassar os desafetos através de múltiplas transmutações; através da arte de expurgar a alma de tantas furiosas disputas; através dos dilemas inconsequentes que expulso após refletir na dor humana.
promovo o bem-estar para que o meu fado se dilua; para que as façanhas que persigo sarem as minhas enfermidades balofas; para que o gosto de viver me cinja através da avassalante poesia.
as fugas motivadas pelo tédio difundiram as minhas emoções; obliquaram para as refregas que criei para anestesiar os meus insucessos; inscreveram os meus queixumes nos desiludidos amores.
acerco-me das vicissitudes para contorcer a insanidade que exprimi nas minhas digressões: foram dias aviltantes que usurparam os fundamentos da minha liberdade; foram vexames que suportei na esteira dos afetos que nunca consegui.
quis escrever certa feita
sobre geladeira mesa e fogão
parece meio contraditório
discursar sobre futilidades
e desprezar as coisas sérias
mas esta dúvida se desfez
quando imaginei um navio mercante
no alto mar
transportando containers
e marujos frenéticos
para o exílio azul
mas o mar é dia a dia
e eu, sou apenas manhã...
duvido da temperança dos homens e das suas provisões amorosas porque assumo os desenganos contíguos à minha existência; porque lobrigo os atos malvados que os homens produzem nos palcos do sectarismo.
o juízo impede-me de vasculhar um monturo porque sou um poeta que baliza os seus dramas; porque sustento um fardo afetivo que apenas modero quando me desvio dos obstáculos que ferem.
recolho as palavras saídas das minhas experiências para depois as verter no recetáculo dos desencantos: elas esgueiravam-se pelo lajeado urbano antes de patentearem uma grande fealdade; antes da minha transformação sentimental.
a vida tem refúgios onde o desamparo não entra nem as labaredas das paixões; onde se pode investir num destino sequente aos pequenos dramas quotidianos; onde se podem encontrar as paisagens sublimes geradas pela imaginação.