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no miradouro da esperança eu avisto um cenário que tenciono imprimir na minha poesia: para que ela denegue os juízos da moda e as suas asserções controversas; para que ela amenize esta vida pungente com palavras que desenrolem mensagens fraternais.
evito a poeira que flutua no ar para refletir no mundo e nas suas crises deprimentes; para rebater as suas misérias e os seus transtornos duradouros; para deslembrar as suas numerosas atrocidades.
estou no topo das minhas constrições nutrindo os desafetos que subsistem no meu âmago: percorro os trilhos da infância que atestaram a minha vida de traumatismos; avalio as dores que sofri quando penetrei no mundano entendimento.
as lições que a vida me deu nas ruelas álgidas onde progredi com lágrimas de espanto; onde a afeição me desprezou sob o olhar vigilante da misantropia; onde fantasiei bailados que me fizeram olvidar o desconsolo abrangente.
tenho a pose dum autodidata que se obstina na busca da erudição; que supera a cárie abrangente com palavras luminosas; que tonifica o seu furor quando ajuíza a hipocrisia que há por desvendar.
envolvi-me em aventuras que promoveram uma vida desvairada; que perturbaram o meu sossego nas deambulações por ruelas bafientas; que expeliram uma falsa alegria que anestesiaram a temível solidão.
quero observar a formatura dos desvalidos para robustecer princípios beneméritos que os libertem duma vida indecente; quero que eles clarifiquem a sua linguagem infortunada num mundo que lhes retira a dignidade.
exercito as minhas terapias contra o predomínio da dor: são subtilezas que eu seleciono contra as emboscadas às minhas quimeras; são pétalas que caem dum edifício violento para revestirem os meus sobressaltos.
a usual postura de dizer impropérios contra aquele que singra nas suas realizações mundanas: o seu mérito é acorrentado à gaiola empedernida onde jazem as pessoas; a sua linguagem transita por canais de grandeza que são entupidos pela delação.
realizo as minhas digressões em lugares benignos onde persiste um júbilo fecundo e a aprovação do meu modo de viver; e onde leio em toda a poesia o elogio da minha sensibilidade.