A poesia não voltará a ritmar a ação...
Autor: Rimbaud on Wednesday, 12 December 2012A poesia não voltará a ritmar a ação; ela passará a antecipá-la.
A poesia não voltará a ritmar a ação; ela passará a antecipá-la.
Eu escrevia silêncios, noites, anotava o inexprimível. Fixava vertigens.
Os beijos são como pepitas de ouro e de prata encontradas na terra sem ter qualquer valor em si e que são preciosas por indicar que há uma mina por perto.
Quando será derrubada a infinita servidão da mulher, quando ela viverá para ela e por ela, o homem, - até agora abominável -, tendo-a despedida, ela será poeta, ela também!
A mulher descobrirá o desconhecido! Seus mundos de idéias divergirão dos nossos? Ela encontrará coisas estranhas, insondáveis, repugnantes, deliciosas; nós as teremos, nós as entenderemos.
O poeta se faz vidente por meio de um longo, imenso e refletido desregramento de todos os sentidos. Todas as formas de amor, de sentimento, de loucura; ele procura ele mesmo, ele esgota nele todos os venenos, para só guardar as quintessências.
Farsa contínua! A minha inocência me faria chorar. A vida é a farsa a ser levada por todos.
Vamos apreciar sem vertigem o tamanho de minha inocência.
Recebi no coração o golpe de misericórdia. Ah! Eu não o havia previsto.
De manhã, eu tinha o olhar tão perdido e a postura tão morta, que aqueles que encontrei talvez não me vissem.
A mão na pena, vale a mão na enxada.