Surrealista

Murmúrios

nos murmúrios das estrelas está contido o amor

no novelo dos dias que vamos enrolando cuidadosamente

há uma atração fatal que se desenha

o fim do princípio

o meio de vários fins

há grandes encontros nas explosões de cor

o novelo enrola-se e não tem fim, a vida vai-se tecendo,

o que parecem pequenos bocados de fio, incoerência aparente

Olhar

Subo as escadas de um tempo que não chora, apenas é. Um ponto no horizonte reflete a luz de um caminho percorrido. Há gestos que permanecem na memória daquilo que é apenas sonho. Fecho os olhos por instantes e sonho que sonho, vibro no azul do céu e do mar, a natureza e o ser, simbiose perfeita, enrolada nas ondas do pensamento que se fixa no olhar que não é, no olhar que vem de dentro, na suavidade das nuvens de algodão, cujo branco contrasta com o dourado do sol. Assim é, assim foi e assim será.

Irrealismos

É no irreal que se sente o que não está, na invisibilidade, a alma é livre, a cristalização da natureza morta coloca o infinito nas asas do desejo, vôo que vôo, sinto que sinto, milhões de partículas quânticas levam o pensamento para longe, lá onde não se vê para contar, mas a liberdade, essa, nunca desaparece.

Ilogismo

que é do fio condutor quando se parte, talvez matéria talvez arte...

profundamente se ligam os elementos mais sólidos que no universo existem, sobrevivem ao calor e ao frio, como se do nada viessem

as partículas de sol brilham no escuro, a lua brilha no claro

Fugir de mim

Nas promessas de vida breve encanto. encontro. quero fugir de mim e do pesadelo. lá está, já fui, já era, tu, magnífica catedral de luzes sem fim, brilhas tanto que dói olhar. é assim o sonho, é assim a primavera. estás a seguir-me? pergunto sem resposta. percebes o fio condutor? será que o há, ou será só a corda indefinida dos pensamentos ilógicos. dói saber do medo, mas sem medo não há vida. quero fugir mas não sei para onde. para o teu cheiro, murmuram-me as criaturas invisíveis. para o teu cheiro... tão doce que apetece mergulhar.

Outra opinião sobre a morte

Quer uma outra opinião sobre a morte?
Você não precisa concordar com ela.

(Do livro: Conversa com Feiticeiros)

Conversando com o feiticeiro Aleixo, perguntei a ele o que ele achava sobre a teoria da reencarnação, sobre vida após a morte. Confessei que eu relutava em discernir sobre esse assunto, por achar que era quase impossível provar essa teoria.

Pages