Entrevista com a nossa autora Conceição Cardoso
Biografia
Chamo-me Maria Conceição A. Correia Pinto Cardoso, nasci em Benguela, Angola, em Agosto de 1954. Fui professora do 1º ciclo, durante 33 anos.
Depois que vim para a reforma, dediquei-me a escrever. Gosto muito de o fazer. Durante anos, fui escrevendo poemas inspirados nas fotografias que o meu marido tirava. Apesar de ser incentivada por familiares e amigos a publicar os meus escritos, nunca o fiz. Um dia, apareceu-me um post no facebook da Poesia Fã Clube incentivando as pessoas, que o quisessem fazer, a publicar os seus poemas.Olhei para aquela mensagem, mas não me atrevi em pensar, sequer, em enviar os meus poemas. Mas acredito nos sinais que o Universo nos manda e depois do mesmo post me aparecer várias vezes, decidi captar a mensagem do Universo e avancei, enviando os meus poemas para a editora. O meu primeiro livro, Fluir Com A Vida, foi publicado em Abril de 2021 e agora mais recentemente, Fevereiro deste ano, foi publicado um livro com o título Nas Asas De Um Sonho.
Não escrevo poesia por escrever. Às vezes, passam-se meses que não escrevo um único poema, simplesmente porque as palavras não se soltam, mas outras vezes, escrevo um ou dois ou três. Tudo tem a ver com o momento e aproveito-o.
Uma poetisa que me inspirou, foi Florbela Espanca. Gosto do seu jeito de escrever.
- Que temas você explora frequentemente nas suas obras?
R: Os temas que predominam nos meus poemas são o amor em todas as suas formas, os sonhos e os diferentes aspetos da vida, com que somos confrontados diariamente. Mas sem dúvida, que o amor é a inspiração maior.
- Quais são os desafios que enfrenta durante o processo da escrita?
R: Conseguir transpor para o papel os sentimentos e as emoções que determinado tema requer, sem perder a objetividade que realmente se pretende, é o meu maior desafio. Descrever sentimentos e emoções não é fácil, tanto mais que são dirigidos a um público diversificado.
- Como você escolhe os títulos para os seus livros?
R: Os títulos para os meus livros, surgiram quase por acaso. Quando estou a escrever os meus poemas, vou pondo várias hipóteses de títulos, mas quase nunca cheguei a uma conclusão, no momento. De repente e sem que nada o fizesse prever, soltou-se uma sugestão, que tanto no primeiro, como no segundo livro, aproveitei. Acredito que foi o meu subconsciente a trabalhar e a sugerir esses títulos.
- Você prefere escrever à mão, no computador ou em outro meio?
R: É no silêncio da noite, que normalmente sou inspirada para escrever os meus poemas. De repente, as palavras começam a soltar-se e eu vou alinhando as ideias. Tenho na mesa de cabeceira, um caderno onde tomo nota dessas palavras e vou alinhavando os versos, para no dia seguinte, pôr as ideias em ordem e organizar os poemas. Faço sempre um rascunho à mão e só depois é que transcrevo para o computador. Escrever um rascunho à mão, ajuda-me a sentir melhor as palavras e o que elas querem transmitir.
- Como você lida com as críticas literárias e opiniões dos leitores sobre as suas obras?
R: As críticas são sempre bem vindas, partindo do princípio que quem as faz é no sentido construtivo.Nos dois livros que foram publicados, as críticas têm sido muito boas.
O que me dizem é que se revêem em muitos dos meus poemas e algumas delas telefonam-me a dizer que se têm emocionado com a leitura de alguns desses poemas.
- Você acha que a escrita é mais um talento inato ou uma habilidade que pode ser aprendida e aprimorada ao longo do tempo?
R: Eu penso que a escrita, assim como qualquer arte, é um talento inato. Cada um nasce com os seus talentos. Eu, por exemplo, não estou a ver-me a pintar. Até poderia aprender as diversas técnicas de pintura, mas faltar-me-ia a sensibilidade inata para transpor para a tela o verdadeiro sentido da pintura. É exatamente isto que sinto com a escrita.Escrever palavras, sobre palavras, qualquer um o pode fazer, mas certamente, que iria faltar aquela sensibilidade necessária, para dar sentido a essas palavras. Não quero dizer, que não se possa aprimorar esses talentos, neste caso, a escrita, mas o dom tem que estar na pessoa que escreve.