Entrevista com a nossa autora Tininha Rodrigues

Nasceu na Covilhã (1947). Começou a ler com 4 anos de idade e foi sempre uma pessoa muito curiosa, por tudo o que a rodeava. Casou com 19 anos e teve dois filhos, um rapaz e uma rapariga, sendo um formado em Cinema e, outra, em Gestão de Empresas, assim como diz sentir-se sempre uma pessoa considerada e feliz.
 
Obteve o 5.º ano antigo e outros cursos práticos, que foi tirando à medida que foi precisando. Teve vários empregos, desde secretária de grandes empresas, chefe de secção, empresária e guia turística.
 
Considera-se, desde sempre, uma apaixonada pela escrita.
 
Acha-se uma leitora compulsiva, mas adora escrever. Apesar da escrita vir desde sempre, é agora, com as redes sociais, que tem maior motivação para dar a conhecer o seu trabalho ao público, sentindo ter grande aceitação.
 
É autora dos livros de poesia:
– As Nuances da Alfazema, publicado em outubro de 2021;
– Traz-me Também Andorinhas, em maio de 2022;
– Misturo-me Na Multidão - Me Mezclo En La Multitud, livro bilingue em Português/Espanhol, em setembro de 2022, com lançamento em Barcelona, Espanha;
– Entraste na minha madrugada sem eu te esperar, publicado em fevereiro de 2024.
 
Participou em Alma Latina – Coletânea de Autores Latinos no Mundo, Vol. 2, 3, 4 e 5.
 
Sugere a consulta da sua página “Tininha Rodrigues”, no Facebook.
 
 
 
 Qual foi a inspiração por trás da sua última obra publicada?
 
R: Ora bem: Tinha escrito um poema com o titulo "Entraste na Minha Madrugada sem eu te esperar" e logo aí, achei, que seria o título do meu próximo livro..
Curiosamente não fez parte dos 75 poemas do livro editado em Fevereiro de 2024 mas a "Introdução aos poemas." é constituída por versos desse meu poema.
 
 
Que temas você explora frequentemente nas suas obras?
 
 
R: Quando começo um poema, nem sei bem o que vai sair, porque sou uma escritora compulsiva. Tenho um prazer enorme "em palavras" !.
Sempre fui assim desde pequena e sou apaixonada por elas.
No entanto hoje, e depois de centenas e centenas deles (poemas),verifico que sou essencialmente uma observadora da vida e de tudo
o que me rodeia,
Não me considero uma Poetisa de grandes amores ou paixões fatais! Sou mais aquela observadora daquilo que vê e a encanta.
Do desenrolar da vida, e das nuances que ela me transmite, até porque sou uma sonhadora.
Claro que a dor também me transtorna, mas quando falo dela tento "protegê-la", como dizem alguns leitores, e essa é talvez a minha maneira
de a tratar um pouquinho como menos dolorosa. Ninguém merece estar sempre a ler desgraças, porque e para isso, existem as notícias!
Resumindo, digo sempre que nunca mato os meus personagens!.
 
 
 
Qual o seu processo criativo ao escrever um livro?
 
 
R: Não faço grandes enfeites para isso, porque poemas são poemas e são todos meus "filhos de nascença"!
É óbvio que tento fazer uma certa seleção, mas quando os começo a ler (porque é inevitável) eu gosto de todos!...
E o curioso é que me encanto.com aquilo que escrevi há imensos anos atrás !?
É indescritível! E é aí que me questiono também e muitas vezes, sobre o certo e o errado...que poetisa serei eu?
No entanto chego sempre à mesma conclusão: Esta é a minha essência ...só isso !
 
 
 
Como você escolhe os títulos para os seus livros?
 
 
R: Há muito tempo que já o deixei de fazer...a não ser um ou outro e já nem seria possível.
Normalmente o titulo é a primeira frase com que escrevo e foi uma forma que arranjei para me ir lembrando da página em que está guardado.
 
 
 
Como você lida com os bloqueios criativos ou momentos de falta de inspiração?
 
 
R: Não tenho muitos (ainda), mas simplesmente "largo o poema". Raramente vai continuar.
Não me pergunte porquê. Simplesmente não nasceu para ser poema.
Eu tenho uma relação muito má com os bloqueios. Inclusivamente, quando leio poemas (porque leio imensos de outros) e por qualquer
motivo ele "empanca" num sítio qualquer, já não consigo continuar.
Eu sou bastante perfeccionista nos tempos e nos espaços e perco muito tempo a aperfeiçoa-los, para correrem livremente e serem fáceis
de ler e entender. Aí, já me ponho no lugar do leitor.
 
 
 
Quais autores ou obras influenciaram a sua escrita?
 
R: Eu começo a escrever para mim muito jovem, como se de catarse se tratasse e sentia-me feliz.
Não acho que algum me tenha influenciado, embora goste de muitos e tenha lido imensos, como deve calcular. Até para ver o que me rodeia.
Mas esse também é um vicio que existe em nós (neste caso em mim) e que nunca acaba.
Quem escreve poemas, não quer escrever igual a ninguém. Constitui um momento único de cada pessoa ! Ela só quer dizer o que diz!
E como seres únicos que somos, transmitimos, apenas e só, o que é nosso! O meu pensamento é meu, como o meu B.I.
 
 
 
Como é a sua rotina diária de escrita?
 
R: Ora bem... " Ela é, uma rotina diária de escrita"! Sei que pode até parecer confuso, mas a escrita para mim tem muitas pontas e é um trabalho
que nunca acaba!
Há muito tempo que deixei de escrever à mão, porque era uma ralação! Habituei-me a fazê-lo em agenda eletrónica e mudou tudo na minha vida! Não tenho menos horas de trabalho, mas permite-me ir olhando para eles e fazer as alterações que quero, para poderem ficar perfeitos..
Por isso e mesmo que esteja num sítio qualquer eu estou sempre a trabalhar. E curiosamente não deixo de ver o mundo nem de me sociabilizar.
A minha rotina é levantar-me por voltas das 11h...mas também me deito por volta das 2 ou 3 da manhã.!
Quando já tenho uma data deles prontos, tenho de os passar para as pastas do computador. E pelo sim e pelo não e como não confio a 100%
Imprimo o original e um duplicado.
Ora, quando é para arquivar em pastas, é muito cansativo. Mas amar o que se faz, é cuidar daquilo que é nosso e do que somos, e que nos deu muito trabalho.
 
 
 
 
Como você lida com  críticas literárias e opiniões dos leitores sobre as suas obras?
 
 
R: Por enquanto e como ainda sou muito "pequenina", tenho tido sorte. Não me lembro de alguma critica "destrutiva"! Eu sou sobretudo uma trabalhadora incansável (pelo menos é o que dizem) e faço sempre o melhor que posso. Até mesmo para ver as pessoas felizes.
 
 
 
Onde você encontra inspiração para os seus personagens?
 
 
R: Sinceramente não sei! Sei que me vão aparecendo na minha memória e muitas vezes até eu me surpreendo.
Eu divirto-me muito com o que penso e escrevo e e até com o que digo. As pessoas com quem convivo, sempre me disseram que eu sou mesmo assim desde miúda. Sou muito observadora, como é óbvio, e gosto muito de pessoas. E elas são um mundo inesgotável de "imagens". Mas claro que também tenho de ter bastante experiência de leitura.
Para mim, nós começamos a ser livres de pensamento quando gostamos de ler! É por isso que aconselho todos os jovens a fazê-lo.
 
 
Quais são os seus hobbies ou interesses fora da escrita?
 
R: Faço tudo o que todas as pessoas fazem normalmente, como hobbies poderia aqui citar os cinemas, os teatros. A ginástica etc. etc. Mas...
Sei que sou uma eterna aprendiz! Tenho feito um pouquinho de tudo e todos os dias, aprendo mais qualquer coisa!
Além de ser filha, mãe, avó e todas essas coisas, que são o nosso verdadeiro suporte e inspiração, GOSTO MUITO DE OLHAR.
Nós somos muito daquilo que é o nosso olhar! Ele é das coisas mais "ricas que nos temos". E porque é a partir dele, que a nossa vida é mais cinzenta ou colorida. É ele que constrói o nosso mundo e tudo aquilo que somos, como pessoas e seres humanos!
 
 
 
Se pudesse escolher um livro para recomendar aos seus leitores, qual seria e porquê?
 
R: Já li milhares, mas ao ter oportunidade de escolher, apraz-me citar aqui um livro de Manuel Alegre (pedindo desculpa a todos os outros
que amo) e que tenho sempre como livro de cabeceira: "A TERCEIRA ROSA". É fabuloso. Leiam !
 
 
 
Como você equilibra a necessidade de originalidade com a compreensão das expectativas do publico leitor?
 
R: Não equilibro!
É como eu já disse. O poeta só quer dizer o que diz!
Seria frustrante e normalmente não corre bem! Porque a partir da primeira palavra, ou frase, elas organizam-se rapidamente e começam
a delineá-lo (ao poema).
Pode-se ter mais ou menos habilidade. Mas o talento tem de lá estar. Porque se não estiver, a habilidade não se segurará. No entanto,
o curioso é que ao lermos outros poetas e cada vez há mais, nenhum é igual ao outro. São todos únicos.
 
 
 
Como você se mantém atualizada sobre as tendências e mudanças no mundo da Publicação e literatura?
 
R: Com curiosidade!
 
 
 
 
Quais são os seus rituais ou praticas antes de começar a escrever?
 
 
R: Não tenho rituais!
 

 

Quais foram os momentos mais gratificantes e desafiadores da sua carreira como escritora?

 
R: Apesar de eu escrever desde sempre, só em 2021 é que editei o meu primeiro livro " As Nuances Da Alfazema".
Foi um acontecimento muito marcante na minha vida. Tinha acabado de perder uma pessoa, muito muito querida e especial. E que me incitava sempre a fazê-lo. Então o meu filho quase que me obrigou. porque claramente eu estava muito em baixo e as palavras dele foram mais ou menos estas: "A mãe vai editar sim, porque não a quero deprimida". (É a primeira vez que falo deste assunto).
Foi um grande desafio sim, que me marcou muito e depois tive a sorte de ter sido um êxito. Tive a capa do livro mais bonita de todos os tempos e familiares e amigos, todos vibraram.
Foi realmente UM SUCESSO quando aceitei o vosso desafio e sou-lhes imensamente grata.
Depois, o que foi lançado em Barcelona, também foi MUITO GRATIFICANTE e impensável!
O momento mais "intimidante" que me emocionou imenso e não dista muito dos outros (porque é tudo muito recente), foi
quando fui convidada pela Câmara Municipal da Covilhã, minha cidade berço. E a quem estou muito, muito GRATA.
 
 
 
Você já considerou escrever roteiros para adaptações cinematográficas ou televisíveis das suas obras ?
 
R: Ainda não cheguei a tanto!
Considero-me também uma mulher cheia de dúvidas e incertezas e apesar de tudo e de transmitir alguma segurança aos
outros, sou uma mulher cautelosa!
Sonhos todos podemos ter, mas que sejam viáveis!?
Na minha idade, sonhos destes, só nos visitam a partir das 3 ou 4h da manhã, em que já não dizemos coisa com coisa e
nos adormecem logo a seguir... cuidado com as ilusões!