Paisagem

É sufocante a pressão do tempo,
o passar das horas mais inúteis,
o passo largo do momento,
e ao pensar na falta de alento,
passa, irreversível, como nuvens.


Tem calma coração,
que palpitas com a exclusiva razão
de palpitar…


Tem calma, minha respiração,
que condenas a minha circulação,
que nada mais faz que circular.


E prende-se todos os males no meu peito,
toda a dor, no meu ser sem jeito,
no meu sangue que bombeia inocente.


Bomba-relógio, e sempre a contar,
sem qualquer decência de me informar
a hora mais provável que arrebente…


Tão pior que tudo era,
se o soubéssemos de antemão!
Só o caos e a confusão
que tal notícia gera
faz-me pensar numa triagem:


Todo o hoje é o que ontem era,
e o presente que num futuro opera
por momentos… tudo o resto é paisagem.

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