Eu

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Passeio nas avessas de mim
Cores vivas
Passeios de flor
A atravessar o mar cá dentro
Ondulações de paz e fúria.
Sento-me na areia
Sonhos de um tempo que não tive
De um tempo que não
Me deu tempo de velejar
Dentro daquele barquinho de papel
Que, em sintonia e cumplicidade
Deitávamos ao rio do nosso amor.
Passeio nas avessas de mim
E, cá dentro, tenho as palavras
Que não disse
Mobília desta casa vazia
De tão cheia
Cosmética que utilizo
Para viver comigo.
E, nestas avessas
Reconheço a tua voz
Em sussurro, aqui.
O mar de sons e gestos
Do que fomos
(Não seremos ainda?)
Acalenta o meu sentir
Preenche os espaços em branco
Traz-me pores de Sol
Inimagináveis - Só possíveis contigo.
Passeio nas avessas de mim
Mãos dadas contigo (lembras-te?)
Sorriso rasgado nas nossas mãos
E, nessa casa
Que sempre será a nossa
Reinvento o amor.
E se as ondas andassem ao contrário?
E se,nesse momento,
Nesse preciso instante,
O tempo parasse?

Sou feita de sons e sol e fontes cristalinas e brincadeiras na rua. Em criança, nunca quis ser grande - deixei o tempo sozinho num rebordo de calçada.

A minha infância ainda aqui está, neste lugar só meu, onde observo o Sol e Lua a fazer amor na cama que é o céu estrelado, sorridente.

E tenho sempre música em mim, solfejos de mar - como amo o mar!

Sou feita de tudos e de nadas, de palavra e silêncios, de risos que não têm fim, da noite e do dia.

Sou salto alto no abismo perfeito onde decido mergulhar sempre que me apetece, sempre que dele emana uma luz que me premeia de tons.

Sou.