Entrevista com a nossa autora Fortunata Fialho

Maria Fortunata Moreira Crispim Fialho é natural de uma aldeia alentejana: Aldeias de Montoito, no distrito de Évora onde vive desde muito nova.
É Licenciada em Matemática via Ensino pela Universidade de Évora e é nesta cidade onde exerce a sua profissão: Professora de matemática.  
Cresceu no seio de uma família de leitores e cedo começou a ler. Só muito mais tarde é que os seus colegas de profissão a incentivaram a publicar e foi ai que começou. Para a autora, os livros são preciosos amigos que nos acompanham pela vida fora sem nunca nos abandonarem.
Já participou em dezenas de publicações coletivas e publicou, a solo, as seguintes obras :

Sentidos ao vento (Momentos) _ livraria Bubok e Amazon
Simplesmente… Histórias _ Chiado Editora
Quero um Poema… _ Poesia Fã Clube
Poesia Colorida _ Poesia Fã Clube
Abraços de Palavras _ Poesia Fã Clube
A Soma Dos Nossos Dias _ Poesia Fã Clube
Palavras são pássaros _ Poesia Fã Clube

Qual foi a inspiração por trás da sua última obra publicada?

R: A inspiração vem do meu dia a dia, de alguma notícia que me sensibiliza, de um acontecimento ou situação em que me vejo, diretamente ou indiretamente, envolvida. Escrevo se estou feliz e sai um texto alegre, escrevo se me sinto triste e sai um texto melancólico e, por vezes um reflexo de revolta. Por vezes respondo a desafios e aí sigo um tema pré-definido. Confesso, quando o que se passa à minha volta não me interessa refugio-me nas palavras escritas e fico no meu mundo muito particular.

Qual é o seu processo criativo ao escrever um livro?

R: A escrita surgiu na minha vida como um meio de catarse, como costumo dizer, a escrita é o meu psicólogo. Como um psicólogo ouve, faz-me limpar o stress diário, aconselha-me sem dizer nada, enfim faz-me sentir bem.
Os meus livros surgem de uma forma muito minha, vou escrevendo sem um fim definido e, quando surge a oportunidade escolho o que mais me define. Por vezes uso uma folha em branco e deixo que as palavras surjam e a caneta parece criar vida própria.
Uma vez fiz um diário da vida dos professores, em especial aqueles que viajam diariamente e dos quais eu fiz parte durante muitos anos, no final resumi esse ano nos momentos mais marcantes surgindo assim a minha única obra totalmente em prosa.
Se o leitor estiver atento verifica que a minha escrita reflete aquilo que sinto, sou, desejo e sonho.

Como você escolhe os títulos para os seus livros?

R: Os títulos dos meus livros não têm nenhum processo de escolha especial, geralmente refletem um texto em particular ou um sentimento que me marcou. Não perco muito tempo a pensar, em vez disso uso a intuição e creio que tem resultado.

Como você lida com os bloqueios criativos ou momentos de falta de inspiração?

R: Engraçado, todos pensam que os bloqueios são algo terrível. Eu não me preocupo com eles, se não tenho ideias vou fazer algo diferente e esqueço o assunto, quando volto já corre melhor. Outras vezes refilo com o bloqueio escrevendo e, por vezes até gosto do resultado e concluo que no “refilanço” também existe processo criativo.


Quais autores ou obras influenciaram a sua escrita?

R: Que pergunta difícil! Sou uma devoradora de livros, como diz o meu esposo, e leio todo o tipo de obras. Não faço distinção entre a literatura de cordel e as grandes obras da literatura, até porque cada um as caracteriza de forma diferente. Tudo o que leio me influencia um pouco. Já tenho adorado obras que a grande maioria detesta e odiado outras que estão catalogadas como excelentes. Quem lê muito não consegue evitar ser influenciada por quem escreve.

Como é a sua rotina diária de escrita?

R: Não tenho rotina, escrevo quando tenho tempo, e este é muito escasso pois sou professora, ou quando estou a precisar de desabafar. Por vezes escrevo para me isolar do que me rodeia e fugir da realidade.

Você prefere escrever à mão, no computador ou em outro meio?

R: Escrever é escrever, aquilo que uso é indiferente. Se tenho o computador à mão uso-o, se tenho um caderno escrevo à mão e, por vezes até uma folha perdida serve. Claro que depois passo tudo para o computador, assim é mais fácil ter tudo arrumado e acessível até porque sou um pouco desorganizada com papéis.

Que conselho você daria aos escritores aspirantes?

R: Eu também sou um deles e o conselho que dou é que não desistam mesmo que alguém diga que não têm talento. Por vezes as pessoas preferem desmotivar-nos em vez de nos incentivarem, não façam caso e retenham os reforços positivos. Quem sabe se um dia podemos vir a ser reconhecidos e considerados verdadeiros escritores.

Quais são seus hobbies ou interesses fora da escrita?

R: Gosto muito de ler, passear pelo campo, conhecer novas paisagens e monumentos, odeio centros comerciais, gostaria de viajar muito mais e conhecer outros povos e culturas. Por vezes também rabisco alguns desenhos e não abro mão de um bom filme.

Se pudesse escolher um livro para recomendar aos seus leitores, qual seria e por quê?

R: Não gosto muito de dar conselhos literários pois cada um tem preferências diferentes, no entanto posso falar dos livros que me marcaram. Um foi na adolescência “O meu pé de laranja lima” de José Mauro de Vasconcelos, pelo sentimento de tristeza e ao mesmo tempo de alegria que me transmitiu. Outro foi já na universidade “O Papalagui” pela inocência com que um chefe tribal compara a vida dos ocidentais com aquilo que é o seu mundo. Já muito recentemente chorei a ler um livro para adolescentes e jovens “O rapaz de Pijama às riscas” de John Boyne onde, através dos olhos de uma criança fazemos uma viagem aos campos de concentração e somos forçados a refletir.
Podia falar em muitos outros, mas é-me muito difícil escolher.