Escrever Poesia - Proposta de Três Princípios

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Um texto escrito há cerca de 6 anos, quando ascendi à maturidade legal. Será que se mantêm estas ideias? Quem concorda com elas? Quem tem outras propostas sobre quem deve ser e como pode escrever um poeta?

 

Escrever Poesia

 

Escrever poesia não é fazer uma só coisa. É levar a cabo inúmeros projetos dentro de um só poema, assentes numa multiplicidade de visões e de esferas a ter em atenção. À medida que escreve, o poeta vê quase como que instintiva a necessidade de abranger vários campos da sua realidade e daquilo que acontece na sua vida (princípio da multidimensionalidade do poeta).

Por outro lado, escrever poesia não é apenas cantar, dançar, chorar, lamentar, impulsionar ou retrair ideias para si mesmo. O artista–poeta apresenta arte para si e para quem o poderá vir a ler. Perante um mundo que pode debater os seus versos, o autor–criador não se pode prender a uma mística individual, fugindo de todos em direção a um isolamento interior: deve antes mostrar como é que aquilo que deixa no papel (e quando me refiro a “papel” refiro-me a todas as fontes nas quais os seus escritos adquirem consistência) não é um mero produto do imaginado, mas que se aplica às e nas sociedades e nas ações e emoções das pessoas (princípio da não-exclusão do leitor).

Por fim, é necessário compreender que na composição poética não existem regras, exceto eventuais da linguagem vocabular. A imaginação não tem restrições; nós, enquanto seres humanos, também não as temos, sobretudo nas questões da mudança. O que somos está em constante transformação. Apesar disso, com o avançar do tempo, existem aspetos em cada um de nós que se mantêm, seja em que medida for. Essas constâncias são importantes, nomeadamente no processo elaborativo da poesia. Como conclusão, todo o poema deve conter uma parte real da identidade do poeta. Uma parte de si que o mesmo identifique como sua e verdadeiramente sua (princípio da identidade do poeta).

Leonardo Camargo Ferreira
[23/02/2018]