Sem destino aparente...
‘Sem destino aparente’
A noite cerca-me e emudece,
a angustia parece que acende,
que prende, suspende e teima
ser crepúsculo de sombras,
numa ansiedade que queima.
Pelo breu, a voz da solidão
perdida entre os escombros…
E a escuridão imerge-me
açoite dorido no corpo
a tremer de inquietação.
Entre portas, me invento,
no fortuito mundo das palavras
e leio-me nas paredes, de silêncio cravadas…
Com todos os sonhos dentro!
Lá fora o luar perdeu o alento,
o vento fugidio, não chama por mim,
nem a chuva se abeira e me acalma…
Já nem sinto os aromas do velho jasmim!
Tão perto desta margem suplicante…
Tanto desejo adejante, tanto mar!
Tanto encanto vazio e por sonhar…
E eu, eterno navegante... Sem porto ou navio,
ao sabor ondulante do meu destino bravio!
(Rui Tojeira)
Comentários
Lourdes Ramos
6ª, 24/05/2013 - 16:30
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‘Sem destino aparente’
Ainda hoje, navegar é preciso, mesmo que seja somente nas asas de uma bela poesia. Amei!
Rui Tojeira
Sáb, 25/05/2013 - 17:26
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Obrigado amiga Lourdes.
Obrigado pelo simpático comentário. Uma boa tarde poetisa.
Maria
2ª, 27/05/2013 - 02:37
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Faz frio em minh'alma
Faz frio em minh'alma
E busco aconchegar-me,
Mas, ... onde?
Para meu alento, uma certeza:
A palavra calor ( humano?)
Ainda vive em meu pensamento.
( escrevi agora, nesse momento, inspirada pela leitura de seu poema)
Boa noite, poeta!
Lourdes Ramos
2ª, 27/05/2013 - 16:19
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Faz frio em minh'alma
Quanta sensibilidade! Parabéns e obrigada.
Rui Tojeira
2ª, 27/05/2013 - 22:37
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Boa noite Poetisa :)
Ficou bonito o seu poema, obrigado Maria, gostei. Um beijo.