Sem destino aparente...

‘Sem destino aparente’

A noite cerca-me e emudece,
a angustia parece que acende,
que prende, suspende e teima
ser crepúsculo de sombras,
numa ansiedade que queima.

Pelo breu, a voz da solidão
perdida entre os escombros…
E a escuridão imerge-me
açoite dorido no corpo
a tremer de inquietação.

Entre portas, me invento,
no fortuito mundo das palavras
e leio-me nas paredes, de silêncio cravadas…
Com todos os sonhos dentro!

Lá fora o luar perdeu o alento,
o vento fugidio, não chama por mim,
nem a chuva se abeira e me acalma…
Já nem sinto os aromas do velho jasmim!

Tão perto desta margem suplicante…
Tanto desejo adejante, tanto mar!
Tanto encanto vazio e por sonhar…

E eu, eterno navegante... Sem porto ou navio,
ao sabor ondulante do meu destino bravio!

(Rui Tojeira)

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Comentários

Ainda hoje, navegar é preciso, mesmo que seja somente nas asas de uma bela poesia. Amei!

Obrigado pelo simpático comentário. Uma boa tarde poetisa.

Maria's picture

Faz frio em  minh'alma

E busco aconchegar-me, 

Mas, ... onde?

Para meu alento, uma certeza: 

A palavra calor ( humano?) 

Ainda vive em meu pensamento.

( escrevi agora, nesse momento, inspirada pela leitura de seu poema)

Boa noite, poeta!

Quanta sensibilidade! Parabéns e obrigada.

Ficou bonito o seu poema, obrigado Maria, gostei. Um beijo.