TEU AMANHECER
Que assim seja, minha criança distraída
Numa ínvia quadra, onde o mistério é soberano,
E, que não reine em teu cantar vigor profano
A iludir, como dos mares esta acre vida.
Bela sereia cuja nota suspirosa
Guarda segredos que nos põe tão sonhadores,
Pobres mortais escravizados p`los amores,
Eis que um dia não serás mais desdenhosa.
Quem sabe quando? Nada pode-se colher
Nas paragens desta ideia de áurea ventura,
Quando eu espreitar-te risonha na natura,
Dentro em teus olhos resplendendo o amanhecer.
Será mais belo que o ébrio treno à luz da lua,
Teu brado forte despertando o céu da tarde;
Oh! Não serei defronte a ti este covarde,
Que não soube libertar-se da paixão tua!
Neste espaço onde não vagueia o humano olhar,
Toda mágoa que me deste será sepulta,
E esta boca que a toda instante só me insulta
C`oa minha boca envolvente vai se encontrar.
ALEXANDRE CAMPANHOLA - 2006