Vivo sem saber viver.

Eu vivo
sem saber viver.
Sou esquivo...
Tento sobreviver.

De tanto mover,
de lado para lado,
fico acompanhado
por uma dor de cabeça,
tão forte,
que faz com que permaneça
agarrado à minha sorte.

Fico agarrado a nadas
da minha imaginação...
Águas passadas
que ainda me correm no coração.

Mas acabam por não correr...
De tanto sofrer,
e tanto lutar,
o coração deixa de querer
e quem antes estava a ganhar
passa a perder.

Eternidades de Assovio

Aqui no dia cor de manga
Águas tremem infiéis
Sob ventos películas
Que perturbam sem saber.

Nuvem em longos cabelos brancos
Presos às cabeças azuis do céu.
Tudo orienta ao que se vê
Ao que se sente
Sons vesperais minguam ao relento
Algo mais ao sul dos humanos
Inimigos do norte.

UM MUNDO DE POETAS

Um Mundo de Poetas

Espalhem poesia pelas ruas,
Gritem-na entranhada, até aos calcanhares,
Esta noite o taciturno alienou-se
E demarcou-se da comunidade dos lugares.

Adagas em uníssono são veras,
Que de brilhantismos se acavalgam as palavras,
Esta noite a poesia sai à rua,
Esta noite há poesia nas fachadas.

Das mortes que insisti em não vergar,
Do peito me saem bem cortantes
As palavras no seu caldo primordial,
São desnudas, são guerreiras, são amantes.

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